O SUCESSO DO FRACASSO

“Uma pessoa que nunca cometeu um erro nunca tentou nada de novo. Eu tentei 99 vezes e falhei, mas na centésima tentativa eu consegui. Nunca desista, a próxima tentativa pode ser a vitoriosa.” Na metade do século XX, Albert Einstein, já antecipava um dos principais elementos do processo de aprendizagem e inovação dos dias atuais. O “erro”, figura execrada no século XX, passou a ser tolerado, aliás, chegou ao ponto de ser ‘promovido’ ao patamar de cultura.

Pautados pela “cultura do fracasso”, os investidores no Vale do Silício medem a probabilidade de sucesso de um projeto a partir da quantidade de fracassos acumulado pelo empreendedor, encarando o fracasso não necessariamente como um erro, mas como resultado de um risco assumido. Enfrentar o fracasso quer dizer que por detrás dele existe uma pessoa preparada a enfrentar riscos, condição inseparável do processo da inovação.

Quatro séculos antes de Einstein e do advento do Vale do Silício, os japoneses criaram o KINTSUGI, uma técnica que transforma tanto objetos como pessoas que estão ‘quebradas’ em algo valioso e belo. É uma arte que consiste em restaurar vasos e cerâmicas quebradas com ouro derretido. A cultura japonesa valoriza as marcas de desgaste que representam a serventia de um objeto, os reparos ressaltam sua história e aquela peça adquire um adicional de valor. Assim, um vaso que nunca se quebrou não passa de um simples vaso, não importa o quanto ele custou.

Especial é aquele que depois de quebrado, conseguiu ser restaurado tornando-se único, insubstituível, inigualável. Como filosofia de vida denota-se a importância da resistência e do amor próprio frente às adversidades, em um mundo sob a máscara da infalibilidade e ansioso pela perfeição. É o respeito à nossa jornada permeada de fracassos, desenganos e perdas.

O Kintsugi representa a aceitação da mudança e da evolução como uma realidade inseparável das nossas vidas. Simboliza a determinação de dar a volta por cima, de valorizar cada cicatriz que representa a capacidade e a determinação de nos reconstruirmos para nos tornarmos melhores e bem mais fortes que os infortúnios da vida.

Por Sávio Carvalho
Comunicólogo, mestre em administração de empresas, especialista em gestão de crises, estratégia e desenvolvimento de pessoas para relações institucionais e humanas. É articulista do Portal Economic News Brasil, assessor da presidência do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac/Ipdc-CE e do Sindiônibus.

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