O professor universitário que virou bilionário combatendo a Covid-19

A empresa Carl Hansen utiliza sua tecnologia patenteada para produzir medicamentos para gigantes como Pfizer e Novartis
A empresa Carl Hansen utiliza sua tecnologia patenteada para produzir medicamentos para gigantes como Pfizer e Novartis

Até 2019, Carl Hansen, 46 anos, foi de fato um professor universitário, quando decidiu se dedicar à AbCellera Biologics, sediada em Vancouver, fundada em parceria com colegas pesquisadores da University of British Columbia, em 2012. Atualmente o cientista é CEO da empresa de biotecnologia avaliada em US$ 13 bilhões.

A vertente acadêmica da equipe teve papel muito importante. Quase todas as startups de biotecnologia desenvolvem diversos alvos de tratamento, depois passam os próximos oito a 12 anos desenvolvendo esses medicamentos na esperança de levar um deles para o mercado. Sendo que menos de 10% das novas drogas completam essa jornada. Mas quando isso acontece, os medicamentos tendem a ser sucessos de bilheteria. Sete dos dez remédios mais vendidos em 2018 foram tratamentos com anticorpos, incluindo o imunossupressor Humira da AbbVie, com uma receita líquida avaliada em US$ 19 bilhões, e o medicamento contra câncer da Merck Keytruda, que gerou US$ 11,1 bilhões em 2019.

Em maio, a empresa levantou US$ 105 milhões de investidores como Peter Thiel, Universidade de Minnesota e OrbiMed. Segundo o PitchBook, a AbCellera teve uma valorização de US$ 4,8 bilhões apenas seis meses antes de abrir capital. A AbCellera oferece o que pode ser descrito como “descoberta de drogas como um serviço” e trabalha com 90 empresas externas, incluindo as gigantes farmacêuticas Pfizer, Gilead e Novartis. Essas empresas pedem que a biotecnologia encontre anticorpos que atendam a certos critérios, e por sua vez, a AbCellera usa sua tecnologia patenteada para chegar a descobertas que tenham potencial.

Em seu maior sucesso até agora, a AbCellera examinou milhares de anticorpos derivados do sangue de pessoas que se recuperaram da Covid-19 para identificar os anticorpos que melhor trabalharam no combate ao vírus. Em seguida, entregou os anticorpos mais promissores para a empresa farmacêutica Eli Lilly. Os ensaios clínicos de um desses anticorpos, o bamlanivimab, começaram em maio, apenas 90 dias após o início da parceria. Os testes revelaram que pacientes com casos leves ou moderados tiveram bons resultados e em novembro o FDA autorizou o uso emergencial do anticorpo.

O governo norte-americano fechou contrato para a compra de 950 mil doses do medicamento por US$ 1,2 bilhão. A Eli Lilly emitiu diretrizes em meados de dezembro e espera obter até US$ 2 bilhões através de tratamentos para Covid-19, principalmente pelo uso do bamlanivimab. Segundo o Credit Suisse, a AbCellera, que contabilizou US$ 25 milhões até o final de setembro de 2020, receberá royalties estimados em US$ 270 milhões sobre essas vendas.

A AbCellera também espera acelerar o tempo que leva para desenvolver os tratamentos com anticorpos. Um prazo mais curto economiza milhões em custos de desenvolvimento e permite que os rendimentos apareçam mais cedo. “De uma perspectiva financeira, cada ano que você economiza é um enorme custo de oportunidade para os investidores”, diz Gal Munda, analista da Berenberg Capital Markets.

Após o grande IPO da empresa em dezembro do ano passado, Hansen agora tem patrimônio estimado em US$ 3 bilhões.

Fonte: Forbes

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