O Boletim Focus divulgado pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira (31/10), o primeiro após as eleições presidenciais, mantém a cotação do dólar projetada em R$ 5,20 para 2022. Na série histórica das publicações deste ano, trata-se da 14ª semana consecutiva em que a moeda americana permanece nesse patamar em relação ao real.
Faz mais de três meses que o mercado projeta o dólar em R$ 5,20. A última vez que a cotação da moeda americana apresentou uma estimativa diferente foi em 15 de julho, cuja publicação registrou o valor de R$ 5,13 para o câmbio. Desde o relatório de 22 de julho, todos os documentos apontam a taxa em R$ 5,20.
Segundo Janaina Assis e Diego Zia, sócios-fundadores da B2Gether, a projeção do mercado para o preço do dólar nos últimos meses manteve-se estável e próxima, em certa medida, com a variação diária da moeda, mesmo diante de um cenário interno e externo altamente instável.
“O mercado projeta a taxa do dólar em R$ 5,20 desde o fim de julho e nossa leitura é de que esse patamar tem se mostrado próximo à média das oscilações da moeda. Hoje, por exemplo, um dia após o resultado das eleições presidenciais, o dólar disparou a R$ 5,40 na abertura do mercado, mas logo depois caiu à margem de R$ 5,22 e R$ 5,23”, comentam.
Para os CEOS da B2Gether, empresa especializada em operações de câmbio, é difícil saber se essa estabilidade na estimativa da moeda americana vai permanecer ou não após as eleições.
“É muito difícil saber se o valor permanecerá na faixa de R$ 5,20 ou se vai subir ou cair de forma acentuada. Tudo vai depender dos próximos movimentos do governo eleito, que deve anunciar a nova equipe econômica e mostrar ao mercado qual será a política adotada nos próximos quatro anos. Também precisamos observar o mercado externo, que ultimamente tem sido marcado por tensões monetárias, econômicas e geopolíticas”, pontuam.
Divulgado semanalmente pelo Banco Central, o Boletim Focus é um relatório que compila, de forma resumida, as projeções do mercado para a economia. O documento é desenvolvido a partir de pesquisas macroeconômicas feitas por instituições financeiras, consultorias e universidades.
O cálculo para a projeção anual do câmbio tem base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais para o último dia útil de cada ano, como ocorria até 2020. Com esse novo modelo de cálculo, o BC tem a expectativa de gerar mais precisão para as projeções cambiais do mercado.