O hidrogênio verde é fundamental para a mudança energética para economias de carbono baixo. É gerado por eletrólise, que divide a água em hidrogênio e oxigênio. Para ser verde, a energia usada na produção precisa vir exclusivamente de fontes renováveis, como solares e eólicas.
O Estado do Ceará investe em um centro de hidrogênio verde no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, aproveitando sua localização estratégica e a potencial geração de energia limpa da costa. A UFC desempenha um papel importante no projeto, sendo um local privilegiado para inovação e desenvolvimento tecnológico no setor.
O reitor Cândido Albuquerque qualificou a defesa como um grande marco científico para o Programa de Materiais, para a UFC e para o Estado do Ceará. “Não basta que o Estado idealize um grande empreendimento no campo – até porque este ainda está em construção. É fundamental que a academia siga se aprofundando na investigação sobre essa matriz energética, extremamente promissora para um mundo que está em busca de modelos econômicos mais sustentáveis. Costuma-se dizer que é o ‘combustível do futuro’, mas já é um tópico de pesquisa do presente. Parabéns a todos os envolvidos na tese, cujos resultados são motivo de orgulho para toda a comunidade da UFC”, disse o reitor.
Em desenvolvimento
O pesquisador Santino Loruan concentrou-se na produção de H2V, desenvolvendo uma PEM para separar hidrogênio e oxigênio no eletrolisador. A membrana garante a pureza dos gases, impedindo sua mistura. Atualmente, as membranas padrão são de nafion importadas e caras.
Santino planejou produzir uma membrana PEM com tecnologia local para torná-la mais acessível. Ele usou quitosana, obtida de carapaças de crustáceos, abundantes na região Nordeste do Brasil, como matéria-prima. Aditivos de grafeno e nanocelulose melhoraram as propriedades elétricas e mecânicas da membrana. Testes foram realizados para avaliar sua caracterização e resistência, mostrando propriedades similares a nafion.

“Quando o Prof. Enio propôs trabalhar com esse tema no laboratório, ele destacou especificamente o desenvolvimento sustentável e social”, frisou o pesquisador durante a defesa. Para o autor da tese, desenvolver o produto tanto pode auxiliar na produção de H2V como também tem potencial para impactar a geração de renda de comunidades carentes, uma vez que a produção da membrana demanda a coleta desses resíduos orgânicos.
H2V NA UFC
O trabalho todo foi desenvolvido no Laboratório de Mecânica da Fratura e Fadiga (LAMEFF) da UFC, que é uma das várias unidades da Universidade que tem se debruçado sobre o hidrogênio verde.
O próximo passo será a instalação de placas fotovoltaicas para a construção de uma estação descentralizada de H2V para realizar mais testes com a membrana. Além disso, a pesquisa também abre espaço para novas pesquisas e colaborações com outras universidades, como a de Lisboa e a de Pernambuco.
Fonte: Prof. Enio Pontes de Deus, orientador da tese – e-mail: [email protected]