O preço do ovo tem apresentado alta no Brasil e muitas pessoas acreditam que isso esteja relacionado à quaresma, que é um período em que se consome menos carne. No entanto, esse não é o motivo. A explicação para a redução na produção de ovos nessa época do ano está relacionada à luminosidade e não à religiosidade das galinhas.
A produção de ovos é desencadeada pela luminosidade, e como os dias ficam mais curtos entre dezembro e junho, o estímulo necessário para a regulação hormonal diminui, provocando uma queda na produção de ovos. Embora esse processo de menor produção comece no período que coincide com a quaresma, a relação entre os dois fenômenos é apenas um mito.
A maior parte da produção de ovos no Brasil é feita em sistemas intensivos, em que os produtores garantem uma média diária de 16 horas de luz, adicionando horas de luminosidade artificial para manter a produção constante. Por isso, o efeito sazonal é praticamente zero para essa produção. No entanto, para as galinhas criadas soltas, principalmente em regiões onde a diferenciação de duração do dia é mais marcante, o efeito sazonal pode ser mais significativo.
Embora a alta do preço do ovo tenha várias razões, como aumento dos custos de produção e aumento da demanda, não há relação direta com a quaresma. Em Bastos, a principal região produtora de ovos no estado de São Paulo, o preço do ovo branco tipo extra teve um aumento de 20,6% em um ano. Para os ovos vermelhos, a alta foi de 22%. Já na grande São Paulo, a caixa com 30 dúzias do ovo branco era negociada por R$ 151,85 em março de 2022, mas neste ano o produto passou a ser vendido por R$ 185,60.