Foto: Rede Social
A gestão do prefeito José Sarto (PDT) enfrenta desafios na relação com os vereadores que votaram contra o projeto da taxa do lixo na capital cearense. Alegações de retaliações e tratamento desigual na base aliada têm provocado deserções na Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), levantando questionamentos sobre a relação entre o executivo e o legislativo na cidade.
Ontem (29/03), a vereadora Estrela Barros (Rede) anunciou sua saída da base aliada do prefeito na CMFor. A decisão foi motivada por retaliações sofridas após seu voto contrário ao projeto da Taxa de Lixo. Segundo Estrela Barros, desde a votação, enfrentou demissões em massa e retaliações que afetaram famílias carentes e pessoas não diretamente relacionadas ao projeto. Com essa saída, a vereadora torna-se a quinta a deixar a base governista, juntando-se a Eudes Bringel (PSB), Leo Couto (PSB), Enfermeira Ana Paula (PDT) e Júlio Brizzi (PDT).
Durante a sessão, Estrela explicou que, embora integrasse a base da gestão de Sarto, nunca foi tratada como tal e tentou diversas vezes marcar uma agenda com o prefeito, sem sucesso. A vereadora ressaltou que votou a favor de todos os projetos apresentados pela gestão, exceto o que estabeleceu a Taxa de Lixo. Estrela Barros justificou seu posicionamento afirmando que seu eleitorado carente não tem condições de pagar a Taxa de Lixo proposta.
“Enquanto estava na base, sempre fiz o meu papel de defender, de assinar tudo o que o prefeito Sarto pediu, mas teve um projeto que eu jamais poderia fazer, que era assinar uma Taxa do Lixo à qual meu povo carente não tem condições de pagar”, disse a parlamentar ao jornal O POVO.
Em dezembro, a então vereadora Larissa Gaspar (PT), atualmente deputada estadual, afirmou que o projeto havia sido encaminhado “no apagar das luzes”.
“Após as eleições e no apagar das luzes de 2022, o prefeito envia para a Câmara a matéria instituindo a cobrança da taxa do lixo. Fica claro que ele não sabe debater esse tema com a sociedade. Em 2021, votei contra essa iniciativa e agora, em plena crise econômica, votarei contra novamente”, declarou a parlamentar na época.
O setor produtivo demonstra preocupação com essa matéria, que pode desencadear aumento no custo dos produtos e no orçamento das famílias fortalezenses. Além disso, críticos da taxa argumentam que ela pode agravar ainda mais a crise econômica enfrentada por muitas famílias na cidade.
A taxa varia de R$ 258 a R$ 1.600 por ano, dependendo do tamanho do imóvel e do volume de lixo produzido. A partir de abril, os fortalezenses começarão a ser cobrados pela Taxa do Lixo, que recolhe tributos sobre a utilização efetiva ou potencial do serviço público de manejo de resíduos sólidos urbanos.
A situação evidencia as tensões entre o executivo e o legislativo na capital cearense e coloca em debate a capacidade do prefeito José Sarto em lidar com as divergências dentro de sua base aliada. A Taxa de Lixo tornou-se um ponto de discórdia entre os parlamentares, e a postura do prefeito em relação àqueles que votaram contra o projeto tem sido questionada.
Diante desse cenário, a gestão de José Sarto terá que enfrentar os desafios impostos pelas deserções e encontrar uma maneira de restaurar a confiança e a unidade dentro da base aliada. Além disso, é importante que o prefeito se mostre aberto ao diálogo e disposto a discutir temas sensíveis, como a Taxa de Lixo, com a sociedade e os demais parlamentares.
Segundo João Borges de Castro, especialista em relacionamento institucional, as áreas de articulação e comunicação da prefeitura de Fortaleza têm apresentado falhas significativas, resultando em tensões e deserções na base aliada do prefeito José Sarto. “A incapacidade de estabelecer um debate transparente com os vereadores e de abordar temas polêmicos, como a Taxa de Lixo, demonstra uma ineficiência na gestão das relações políticas e na comunicação com a sociedade”, disse Castro.
Críticas da Base
Vereadores da própria base da prefeitura de Fortaleza, que preferem não se identificar, apontam falhas significativas nas áreas de articulação e comunicação do governo municipal. Eles destacam a incapacidade de estabelecer um diálogo construtivo com os parlamentares e de abordar temas polêmicos, como a Taxa de Lixo, o que evidencia uma ineficiência na gestão das relações políticas com os parlamentares e na comunicação com a sociedade.
Essa fragilidade pode comprometer a imagem da administração municipal e impactar negativamente a implementação de ações públicas. Os vereadores sugerem que, para reverter esse cenário, a prefeitura invista em profissionais capacitados e em estratégias de comunicação eficientes. Dessa forma, seria possível restaurar o diálogo e a cooperação entre o executivo e o legislativo, proporcionando resultados mais positivos para a população de Fortaleza.
Dúvidas
A população de Fortaleza aguarda para ver o impacto da Taxa de Lixo em suas vidas e na economia local. A cobrança da taxa, a ser iniciada em abril, será um momento crucial para determinar se as preocupações levantadas pelos parlamentares e pelo setor produtivo se concretizarão ou se a medida trará benefícios para a cidade e seus habitantes.