O primeiro-ministro português, António Costa, alertou em outubro do ano passado que a não ratificação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia seria um “erro histórico”. O governo português tem sido um defensor do tratado, e o Itamaraty afirmou na última sexta-feira (21) que Portugal pode se tornar um importante aliado do Brasil nas negociações para a ratificação do acordo.
Aprovado em 2019 após duas décadas de negociações, o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia precisa ser ratificado pelos parlamentos dos 31 países dos dois blocos para entrar em vigor. O tratado abrange temas tarifários e regulatórios, incluindo serviços, compras governamentais, facilitação de comércio, barreiras técnicas, medidas sanitárias e fitossanitárias e propriedade intelectual.
O Ministério das Relações Exteriores informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abordará o acordo em suas conversas com autoridades portuguesas e espanholas durante sua visita à Europa, que começou na sexta-feira (21).
As relações comerciais entre Brasil e Portugal registraram um aumento expressivo em 2022, com um crescimento de 50,8% em relação ao ano anterior, totalizando US$ 5,26 bilhões. As exportações brasileiras somaram US$ 4,27 bilhões, sendo que o petróleo corresponde a 59% do volume total exportado para Portugal. Produtos agrícolas compõem 20% do total exportado, enquanto os produtos agrícolas portugueses representam cerca de 45% das importações brasileiras.
Portugal ocupa a 16ª posição entre os países com mais investimentos no Brasil, com um valor de US$ 10,7 bilhões, conforme dados do Banco Central. A maior parte dos investimentos concentra-se nos setores de energia, como exploração e produção de petróleo e gás, além de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia.
Por outro lado, o Brasil tem investido US$ 4,2 bilhões em Portugal, com destaque para os setores aeronáutico, siderúrgico, turismo, hotelaria, hospitalar e infraestrutura. A parceria entre os dois países, tanto no âmbito comercial quanto em investimentos, reforça a importância do apoio português nas negociações para a ratificação do acordo Mercosul-União Europeia.