A crise que assola o setor de planos de saúde não se limita a eles e acaba impactando outros elos da cadeia do setor. Um desses elos é o de distribuidores e importadores de produtos como próteses, válvulas cardíacas e outros materiais utilizados em procedimentos de saúde, que relatam atrasos de cerca de R$ 1 bilhão em pagamentos.
Um levantamento realizado pela Abraidi (Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde) com 300 associados também aponta um aumento de quase 50% em relação à pesquisa realizada há um ano.
Esses atrasos ocorrem quando o fornecedor entrega um produto, como uma prótese de joelho ou um stent para uma cirurgia, mas o comprador, que pode ser um plano de saúde ou um hospital, exige que a emissão da nota fiscal seja adiada, mantendo a transação sem registro oficial por mais tempo.
De acordo com a pesquisa, o tempo médio até a emissão da nota fiscal está em torno de 48 dias. Além disso, após o faturamento, ainda há um prazo para efetivamente receber o pagamento, que costuma levar cerca de mais 120 dias.
Outro reflexo da crise nos planos de saúde são as glosas, que são questionamentos feitos pelas operadoras em relação às faturas enviadas pelos hospitais e prestadores de serviços. Entre as instituições ligadas à Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados), o número de queixas aumentou mais de 20% entre 2021 e 2022.
A crise nos planos de saúde é resultado de uma combinação de fatores, que incluem a retomada dos atendimentos de saúde que estavam represados devido à pandemia, o aumento dos custos dos insumos devido à crise sanitária e a dificuldade de repassar esses aumentos ao consumidor.
O principal problema reside na alta sinistralidade, que mede a relação entre o custo dos procedimentos e o valor pago pelos usuários. No quarto trimestre, essa taxa atingiu 89,21%, ou seja, a cada R$ 100 de receita, R$ 89,21 foram destinados a despesas com consultas e exames.
