Desde a venda de suas ações ordinárias e parte das ações preferenciais da Petrobras em 2020, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) deixou de receber R$ 20,45 bilhões em dividendos da empresa. Essa informação é revelada em um levantamento realizado pelo Observatório Social do Petróleo (OSP), vinculado a sindicatos de petroleiros e responsável por monitorar as políticas e ações da Petrobras.
No ano de 2020, o BNDES negociou mais de 760 mil ações da Petrobras, resultando na maior venda de ações já realizada no Brasil desde a oferta de US$ 70 bilhões feita pela própria petroleira em 2010. O banco recebeu R$ 22,46 bilhões nessa operação. A principal venda ocorreu em fevereiro, envolvendo mais de 730 mil ações, seguida por uma comercialização de um pacote menor.
O cálculo realizado pelo OSP considera os dividendos distribuídos pela Petrobras desde o ano fiscal de 2019 até o primeiro trimestre de 2023, com duas parcelas ainda a serem pagas até o dia 27 de dezembro deste ano (os dividendos referentes a 2019 foram pagos em julho de 2020). “O BNDES perdeu em três anos o montante que ganhou com a venda das ações da Petrobras, que foram para as mãos de outros acionistas. Essa política do governo Jair Bolsonaro de privatizar tudo o que fosse possível sem olhar as suas consequências causou muitos prejuízos ao país e, com certeza, essa venda de ações do BNDES foi um dos maiores”, afirma o economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).
Em nota, a atual gestão do banco afirma que “os altos dividendos pagos pela Petrobras nos últimos anos indicam que a manutenção das ações teria se mostrado uma alternativa lucrativa. Esses dividendos representam uma parcela significativa do lucro recente do BNDES e, caso o banco não tivesse vendido os ativos, essa contribuição certamente teria sido maior”.
“A estratégia da nova gestão do BNDES é manter a posição acionária como investidor da Petrobras e colaborar com a empresa para aumentar os investimentos no setor de óleo e gás durante a transição para outras fontes de energia, conforme estabelecido no Acordo de Cooperação Técnica firmado entre o BNDES e a Petrobras nesta quinta-feira (22)”, completa a nota. Atualmente, o banco possui aproximadamente 8% de participação acionária na Petrobras.