Embora a perspectiva mais otimista tenha impulsionado o entusiasmo pela renda variável no Brasil, a renda fixa, segundo a equipe de especialistas da XP, também tem mostrado seu atrativo. Em uma apresentação para a imprensa realizada nesta quarta-feira (5), os especialistas destacaram que as preocupações com o cenário fiscal do país e as perspectivas de crédito parecem ter se dissipado ou ao menos diminuído, graças ao avanço das políticas fiscais e à melhora da classificação de risco de crédito soberano.
Os especialistas apontaram que o mercado de crédito privado está gradualmente demonstrando uma menor aversão ao risco, com uma queda nos spreads de aproximadamente 30 pontos-base no último mês. Apesar de um leve aumento nos spreads de alguns papéis ligados ao varejo, a diretora de renda fixa da XP, Camilla Dolle, afirmou que tais movimentos são mais “pontuais” e não devem ter o mesmo impacto que os observados no início do ano com as empresas Americanas e Light.
“No começo do ano, houve uma remarcação generalizada que afetou bastante os fundos de alta qualidade [menor retorno e menor risco]. Isso gerou uma bola de neve”, disse Dolle. A especialista acrescentou que empresas de varejo e de outros setores sensíveis a juros são impactadas em um cenário de Selic mais elevada. “Pode ser que tenha um aumento no spread por causa de um setor ou de uma empresa específica”, explica.
No entanto, Dolle sublinha que a tendência é de uma volta gradual à normalidade dos spreads e uma melhora do mercado de crédito. Mesmo assim, a XP recomenda cautela, sugerindo títulos de empresas com boa qualidade de crédito, preferencialmente com prazos não muito longos – de até cerca de cinco anos.
A corretora também aconselha a inclusão de títulos públicos e emissões bancárias em carteiras, com atenção ao emissor e ao volume máximo de cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).