Os atores de Hollywood, representados pelo Screen Actors Guild (SAG-AFTRA), anunciaram nesta quinta-feira (13) que entrarão em greve a partir da meia-noite, horário local, após não chegarem a um acordo com os estúdios. A decisão de paralisar as atividades foi unânime entre os 160 mil artistas sindicalizados.
Essa greve se une à já existente paralisação dos roteiristas, iniciada no início de maio. Os escritores de cinema e televisão têm demandas semelhantes às dos atores, especialmente em relação aos royalties provenientes do streaming.
Os prejuízos financeiros para Hollywood podem ser bilionários. Em maio, apenas 24 horas de greve dos roteiristas resultaram em uma perda estimada de US$ 10 bilhões para a indústria, aproximadamente R$ 48 bilhões, de acordo com o site Unilad. Atualmente, a perda diária em Los Angeles pode chegar a US$ 30 milhões, ou R$ 143 milhões por dia.
Uma das principais reivindicações do sindicato é um aumento nos royalties, conhecidos como “residuais”, pagos aos atores pela exibição de seus filmes e séries nas plataformas de streaming. Esses pagamentos foram drasticamente reduzidos nas últimas décadas, apesar do crescimento exponencial da indústria de streaming.
Outra demanda diz respeito ao uso de inteligência artificial. Os atores não desejam ser replicados digitalmente sem consentimento ou remuneração em qualquer tipo de produção. Eles buscam uma remuneração justa pelo valor que contribuem para os estúdios e produtoras.
Em um pronunciamento contundente à imprensa, a presidente do SAG-AFTRA, a atriz Fran Drescher, conhecida pela série “The Nanny”, criticou os estúdios por priorizarem o lucro dos CEOs e acionistas em Wall Street em detrimento de um acordo justo que valorize o trabalho dos atores.
Drescher afirmou: “Somos vítimas de uma entidade gananciosa. Não acredito o quão distantes estamos em tantos aspectos. O modelo de negócios mudou drasticamente com o streaming, o digital e a IA. Se não agirmos agora, estaremos todos em perigo de sermos substituídos por máquinas.”
A atriz também expressou sua indignação com a postura das empresas, chamando-as de “nojentas” e “desrespeitosas” por não reconhecerem o valor do trabalho dos atores e seu impacto nas famílias.
Com a greve em vigor, todas as produções em andamento, que até então não haviam sido afetadas pela paralisação dos roteiristas, foram interrompidas. Algumas produções foram até mesmo canceladas, como a aguardada “Metrópolis”, da Apple TV+.
Séries como “Stranger Things”, “Yellowjackets”, “The Handmaid’s Tale”, um spin-off de “Game of Thrones” e “Abbott Elementary” tiveram suas filmagens suspensas.
As negociações entre os estúdios e as produtoras são intermediadas pela Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP), que afirma que a paralisação dos atores e roteiristas está prejudicando trabalhadores de outras categorias.
Em comunicado, a AMPTP afirmou que ofereceu ao SAG-AFTRA “aumentos históricos nos pagamentos e nos residuais” e uma proposta “inovadora” para proteger a aparência dos atores no ambiente digital. Essa greve é a primeira paralisação completa da indústria em 63 anos e a primeira dos atores em 40 anos.
O SAG-AFTRA rebateu as alegações da AMPTP, afirmando que não há nada de “inovador” na proposta apresentada. Segundo o sindicato, a AMPTP ofereceu pagamento diário aos atores figurantes e a possibilidade de escanear suas aparências, permitindo que os empregadores usem essas imagens livremente em qualquer projeto, sem consentimento ou remuneração.