A empresa asiática Shein continua desfrutando de uma grande vantagem de preço em relação aos players locais do mercado brasileiro, mesmo após a adesão às novas regras aduaneiras propostas pelo governo. Segundo um estudo realizado pela gestora SFA Investimentos, a incidência de uma alíquota de 17% de ICMS, prevista para as empresas que aderirem ao programa Remessa Conforme, não é suficiente para equiparar os preços praticados pela Shein aos cobrados pelos concorrentes locais.
Com o objetivo de avaliar o impacto fiscal na competitividade dos lojistas brasileiros, a SFA comparou os preços de mais de 8 mil produtos vendidos tanto pela Shein quanto pelas Lojas Renner (LREN3) no mês de fevereiro. A equipe da gestora selecionou produtos com maior semelhança possível nos sites das duas empresas e calculou uma mediana dos valores desses itens.
Atualmente, os produtos importados pela Shein, com valor de até US$ 50,00, chegam ao consumidor sem a incidência de qualquer imposto, o que resulta em preços pelo menos 50% mais baixos do que os praticados pela Renner. Por exemplo, um blazer apresenta uma diferença de preço de 65% entre as duas empresas, com a mediana de preço na Renner sendo de R$ 279,90 e na Shein de R$ 97,99. Mesmo se a Shein aderir ao programa do governo, a diferença de preço diminui para 57,8%, ainda não sendo suficiente para equilibrar a concorrência.
Outros exemplos incluem a blusa cropped, com uma diferença de preço 54,7% menor na Shein em relação à Renner; a camiseta feminina básica branca, com uma diferença de 57,6%; e o vestido básico de algodão, com uma diferença de 61,1%. Com a cobrança do ICMS prevista no programa Remessa Conforme, as diferenças seriam reduzidas para 45,5%, 48,9% e 53,9%, respectivamente. É importante ressaltar que todas as comparações são feitas com base nas medianas dos preços de cada item.
De acordo com o levantamento, se o governo implementasse a medida considerada no início do ano, com uma taxação de 60% de Imposto de Importação, cerca de 18% de ICMS, além do despacho postal, alguns produtos da Renner ficariam até mais baratos do que os da Shein. Nesse cenário, a mediana dos preços do blazer da Shein ainda seria 27,2% menor do que a da Renner. No entanto, a blusa cropped ficaria apenas 2,3% mais cara do que na lojista brasileira, a camiseta da Shein custaria 5,3% a mais do que na Renner, e o vestido de algodão teria uma diferença de preço menor de 18,8% em relação à Renner.
Nesse ambiente, os lojistas brasileiros teriam um maior poder de competição, levando em consideração outras variáveis importantes, como a presença de lojas físicas, que facilitam a verificação e a troca de produtos, prazos de entrega mais rápidos, qualidade de alguns produtos e o atendimento prestado pelos vendedores.