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Novas regras globais divulgadas pelo ISSB para eliminar o greenwashing corporativo – Por Beatriz Canamary

A partir de 2024, as organizações enfrentarão maiores desafios para divulgar como mudanças climáticas afetam seus negócios sob um novo conjunto de regras globais, apoiadas pelo G20, destinadas a ajudar os reguladores a eliminar o greenwashing.

O International Sustainability Standards Board (ISSB) publicou, no fim do mês de junho, novas regras que as organizações devem adotar na divulgação de seus relatórios anuais sobre impacto climático a partir de 2024, já que trilhões de dólares estão sendo investidos em projetos que possuem as credenciais ESG (meio ambiente, social e governança).

O ISSB foi criado após a cúpula climática da ONU COP26 pela International Financial Reporting Standards Foundation (IFRS), uma organização sem fins lucrativos responsável pelas normas contábeis globais. Seu objetivo é harmonizar o mundo em torno de um conjunto comum de regras de divulgação de sustentabilidade que sejam globalmente consistentes, mensuráveis e monitoráveis.

Um baseline global

As regras foram desenvolvidas a partir de um amplo feedback do mercado e em resposta aos apelos voluntários da Força-Tarefa do G20, do Conselho de Estabilidade Financeira e da Organização Internacional das Comissões de Valores Mobiliários (IOSCO), bem como líderes empresariais e investidores.

Esse suporte para criação de um baseline global demonstra a demanda generalizada por uma compreensão consistente de como os fatores de sustentabilidade afetam as perspectivas das empresas.

As novas regras do ISSB são projetadas para garantir que as empresas forneçam informações relacionadas à sustentabilidade juntamente com suas demonstrações financeiras de forma padronizada. Essas novas regras são adequadas para aplicação em todo o mundo, criando um baseline global.

O Reino Unido foi a primeira grande economia a tornar obrigatória a divulgação do ISSB por empresas de capital aberto. Canadá, Japão, Cingapura, Nigéria, Chile, Malásia, Brasil, Egito, Quênia e África do Sul estão considerando sua aplicação.

O que o ISSB pede

Até agora, o ISSB divulgou dois conjuntos de regras:

S1: fornece um conjunto de requisitos de divulgação projetados para permitir que as empresas comuniquem aos investidores sobre os riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade que enfrentam no curto, médio e longo prazo.

S2: estabelece divulgações específicas relacionadas ao clima devendo ser usadas juntamente com o S1.

Ambas são estruturadas em torno dos quatro pilares:

 

Em cada um desses pilares, a intenção é proporcionar aos investidores uma visão significativa de como os riscos e oportunidades relacionados ao clima estão sendo gerenciados pela liderança das organizações.

Para dois desses pilares – governança e gestão de riscos – as divulgações exigidas pelo ISSB são de que as empresas devem mapear exatamente como a cultura sobre impacto climático está sendo incorporada em todo o seu ambiente – principalmente para demonstrar aos investidores que a descarbonização não é trabalho de uma única equipe, mas que faz parte de todos os processos da organização.

Para os demais pilares, o ISSB requer maior detalhamento:

Estratégia

  1. As empresas devem descrever todos os riscos e oportunidades relacionados a impacto climático que possam afetar:
  2. Seu modelo de negócios, seu planejamento estratégico e acesso ao mercado de capital;
  3. Sua cadeia de valor;
  4. Sua tomada de decisão, incluindo seus planos de descarbonização;
  5. Sua posição financeira e planejamento a curto, médio e longo prazo.

Métricas

As métricas obrigatórias do ISSB incluem:

  • Emissões de gases de efeito estufa;
  • A intensidade dessas emissões (ou seja, relativizá-las com métricas associadas à performance financeira;
  • A quantidade e a proporção de atividades da empresa vulneráveis a riscos de transição, riscos físicos e oportunidades climáticas;
  • O montante do investimento global que está sendo mobilizado para ações climáticas.
  • Valores associados à créditos de carbono.
  • Porcentagem da remuneração dos executivos associada à redução de impactos climáticos.

 

Metas

 Ainda que as empresas sejam livres para definir suas próprias metas climáticas, o ISSB exige que elas divulguem:

  • Quais são as metas.
  • Baseline.
  • Prazos
  • Métricas adotadas para medir o progresso.
  • Associação das metas a os acordos internacionais (como Acordo de Paris ou ODS da ONU).
  • Validação das metas por auditores.

Próximos passos

As versões finais das duas primeiras normas do ISSB foram aprovadas em fevereiro de 2023 e publicadas formalmente em junho de 2023. Embora os novos padrões estejam disponíveis para uso voluntário a partir de 2024, os reguladores em todo o mundo começarão a trabalhar integrando o ISSB em seus próprios programas de relatórios obrigatórios, como: Reino Unido, União Europeia e EUA.

As organizações devem se preparar para as divulgações do ISSB – tanto para obter uma vantagem inicial no levantamento de dados, quanto para garantir que ações contra mudanças climáticas estejam sendo tomadas em toda a organização.

*Artigo de Opinião – Por Beatriz Canamary, Mestre em Engenharia Civil (UFC), especializada em Fusões e Aquisições (Harvard Business School), doutoranda em Administração de Negócios (Rollins College, EUA), Membro do World Economic Forum e da Academy of International Business.

O conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião do ENB.

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