O Banco Central (BC) divulgou uma nova projeção para o crescimento do volume de crédito bancário em 2023, indicando um aumento de 7,7%. Essa previsão teve uma ligeira alta em relação à estimativa anterior de 7,6%, divulgada em março deste ano. O relatório também aponta que esse cenário é compatível com o ciclo de alta na taxa Selic, os juros básicos da economia, sinalizando um processo de desaceleração do crédito.
A taxa Selic tem se mantido em 13,75% ao ano desde agosto do ano passado, sendo o maior nível desde janeiro de 2017. Apesar da queda na inflação e das pressões para redução dos juros básicos por parte do governo, o BC considera a Selic como o principal instrumento para alcançar a meta de inflação, já que sua variação impacta diretamente nos preços da economia. Juros mais altos tornam o crédito mais caro e incentivam a poupança, evitando o aquecimento excessivo da demanda. Essa política resulta no encarecimento do crédito e na desaceleração da economia.
A nova estimativa do BC leva em conta os dados mais recentes do mercado de crédito e a revisão do cenário macroeconômico futuro. Essas informações foram apresentadas no Relatório de Inflação, publicação trimestral do Banco Central, divulgado recentemente.
Segundo o órgão, os dados do mercado de crédito indicam uma evolução do saldo dos empréstimos às famílias acima do esperado, especialmente no segmento direcionado. Por outro lado, os financiamentos às empresas recuaram de forma mais intensa, com destaque para o segmento livre.
A projeção de crescimento do estoque de crédito livre para pessoas físicas em 2023 aumentou de 8% para 9%, refletindo a maior resiliência observada nas concessões até abril do mesmo ano. Já a projeção de crescimento do crédito livre para empresas foi reduzida de 6% para 3% devido à desaceleração mais intensa do que a esperada no primeiro quadrimestre do ano.
Essa desaceleração foi, em parte, consequência da oferta relativamente restritiva de crédito no início do ano, influenciada pelas condições gerais da economia, incluindo o estágio atual do ciclo monetário, bem como pelas repercussões do caso Americanas.
As Lojas Americanas, que estão em recuperação judicial desde janeiro, enfrentam uma crise decorrente da revelação de “inconsistências contábeis” no valor de R$ 20 bilhões. O próprio grupo admitiu que os débitos com as instituições de crédito podem chegar a R$ 43 bilhões.