O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) publicou os Indicadores Nacionais de Ciência, Tecnologia e Inovação do ano de 2022, trazendo uma análise preocupante sobre o estado da pesquisa e desenvolvimento no país. O documento ressalta que o Brasil necessita de uma melhoria considerável no ecossistema de pesquisa para avançar globalmente.
Um fator alarmante é a queda de 8,2% no investimento em pesquisa e desenvolvimento no Brasil de 2019 a 2020. O valor foi de R$ 95,3 bilhões em 2019 para R$ 87,1 bilhões em 2020, representando uma redução significativa, principalmente no setor empresarial que diminuiu o investimento em R$ 9 bilhões.
Em termos de Produto Interno Bruto (PIB), o investimento caiu de 1,21% para 1,14% no período, com um aumento nos gastos públicos, mas uma redução nos gastos empresariais. Esses números são preocupantes, principalmente quando comparamos o Brasil com as principais economias globais, como Estados Unidos e China.
Outro indicador preocupante é a queda de 7,4% na produção brasileira de artigos científicos em 2022, sendo a primeira redução desde 1996. Entre os países analisados, Brasil e Ucrânia foram os que apresentaram as maiores quedas na produção científica em 2022-2021.
No Brasil, a área mais afetada foi ciências agrárias, com uma diminuição de 13,7%, seguida por ciências da natureza (-8,2%), ciências médicas (-6,8%) e engenharia e tecnologias (-6,2%).
A ciência é, indubitavelmente, um esforço de longo prazo, e o Brasil tem uma tradição de instabilidade no investimento em ciência e tecnologia. Há países que mantêm estabilidade no investimento em ciência e tecnologia, independente de mudanças governamentais. Contudo, o Brasil, nos últimos anos, mudou completamente sua postura em relação à ciência, gerando instabilidade e insegurança.
Os dados revelados são um alerta para a necessidade de mudança na postura e estratégia frente à ciência, tecnologia e inovação no Brasil. É vital que os líderes reconheçam a importância dessas áreas para o crescimento e desenvolvimento nacional, e tomem medidas urgentes para reverter essa tendência de queda e instabilidade. Somente com uma abordagem coordenada e comprometida, o país pode esperar avançar em inovação e manter-se competitivo na arena global.
*O conteúdo é o editorial do jornal Economic News Brasil de 02/08/23
