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El Niño pode pressionar inflação e Banco Central em 2024

Foto: Reprodução
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Com a seca que aflige o Norte e Nordeste do Brasil e as chuvas que inundam o Sul, economistas e especialistas em análise de mercado expressam preocupações quanto ao potencial impacto do fenômeno climático El Niño no país em 2024.

No curto prazo, as preocupações e possíveis impactos são limitados, visto que o El Niño, até o momento, poupou as principais culturas agrícolas do Brasil. A expectativa é que os efeitos negativos se concentrem nas plantações do Nordeste e do extremo Sul.

No entanto, a partir do final deste ano e, principalmente, em 2024, o impacto torna-se mais evidente, especialmente na safra agrícola. Nesse sentido, especialistas alertam que as fortes chuvas e ciclones extratropicais no Sul podem comprometer outros setores, como o sucroalcooleiro no Sudeste. Além disso, a seca no Nordeste pode afetar a produção de alimentos básicos, como feijão, produzindo um impacto direto nos preços, afetando especialmente as famílias de baixa renda.

Outro ponto de preocupação é a política monetária do Banco Central, que iniciou um ciclo de redução de juros em agosto. No entanto, o El Niño, ao afetar a oferta de alimentos e aumentar os preços, cria um desafio para a política monetária. A intensidade ainda é uma incerteza. Economistas apontam que, embora seja difícil prever com precisão, o fenômeno já está trazendo mudanças significativas.

O Bank of America prevê que o impacto no Brasil seja limitado este ano. No entanto, é possível uma pressão inflacionária no primeiro trimestre de 2024, com a inflação alimentar sendo a mais afetada. O banco estima um aumento de até 1 ponto percentual no IPCA em caso de um El Niño mais intenso.

Projeções considerando o cenário alarmante:

Na última reunião do Copom, os diretores do Banco Central discutiram os riscos potenciais para a inflação devido ao El Niño. A princípio, incorporaram um pequeno impacto à previsão do IPCA para 2024. A incerteza sobre a magnitude e os impactos individuais sobre diferentes produtos alimentícios é destacada.

Apesar das preocupações, o Bradesco BBI tem uma visão mais otimista a curto prazo. De antemão, a entidade sugere que os preços dos grãos continuarão a cair devido às colheitas robustas impulsionadas pelas chuvas do El Niño nas Américas. Além dos impactos na inflação, há também preocupações quanto à geração de energia das hidrelétricas, o que poderia elevar os custos da eletricidade e afetar a inflação. No entanto, o fenômeno tende a aumentar as chuvas no Sul e Sudeste, onde estão os maiores reservatórios de água, o que favorece a recuperação dos níveis de água dessas usinas.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acredita que o Brasil conseguirá atravessar a estiagem no Norte e Nordeste devido às condições favoráveis de outros reservatórios. Sandoval Feitosa, diretor-geral da agência, minimizou a decisão do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) de liberar a operação de usinas termelétricas nas regiões afetadas pela seca, afirmando que, por enquanto, não há necessidade de mexer nas bandeiras tarifárias. Mesmo a paralisação da usina hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, não afetou os preços no mercado livre de energia, onde grandes consumidores compram diretamente de geradoras e comercializadoras.