Nos últimos dez anos, as pequenas indústrias brasileiras enfrentaram consideráveis obstáculos, especialmente em relação ao acesso ao crédito e à carga tributária elevada. Essas conclusões emergem do estudo “Panorama da Pequena Indústria”, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), abrangendo o período de 2013 a 2023. O estudo é um levantamento trimestral que oferece insights sobre os desafios e as perspectivas do setor, servindo como uma ferramenta essencial para a formulação de políticas e estratégias de apoio às pequenas empresas industriais no Brasil.
O estudo, que analisou a situação financeira das pequenas industrias ao longo de 40 trimestres, constatou que o acesso ao crédito foi um problema constante. De fato, em mais da metade dos trimestres avaliados, o acesso ao crédito para o setor de transformação e construção esteve abaixo da média histórica. Em 2016, o Índice de Situação Financeira atingiu seu ponto mais baixo, com 29,5 pontos, em um contexto de juros elevados, com a taxa Selic a 14,25% ao ano.
Um momento de alívio veio em 2020, quando, em resposta à pandemia de COVID-19, a Selic caiu para 2% ao ano e programas emergenciais, como o Pronampe e o PEAC, foram lançados. Essas medidas impulsionaram temporariamente as finanças do setor, levando o índice a alcançar o maior valor de sua série histórica, 43,1 pontos.
Peso dos impostos
Além dos problemas de financiamento, a pesquisa destacou a carga tributária como um desafio persistente, afetando tanto as empresas aderentes ao Simples Nacional quanto aquelas fora desse regime. Ao final de 2023, os empresários apontaram a elevada carga tributária, a demanda interna insuficiente e a competição desleal como principais problemas.
Confiança e cautela
No início de 2024, o Índice de Confiança do Empresário Industrial mostrou uma leve recuperação, atingindo 51,2 pontos. No entanto, o Índice de Perspectivas da Pequena Indústria permaneceu abaixo do limiar de otimismo, refletindo a cautela dos empresários em investir e contratar.
Apoio e crescimento
A CNI ressalta a importância de programas de apoio ao setor, como o Novo Brasil Mais Produtivo e o Procompi, com investimentos previstos para melhorar a produtividade e competitividade das pequenas indústrias. Apesar dos desafios, o setor tem demonstrado capacidade de expansão, com o número de micro e pequenas indústrias aumentando e contribuindo para a economia em termos de emprego e salários.
