Uma autônoma de 39 anos, Ângela Maria Camilo da Paz, chegou a tirar a própria vida após acumular uma dívida superior a R$ 500 mil com a plataforma de apostas Blaze, especificamente com o jogo conhecido como Crash, ou “jogo do aviãozinho”. Este caso chamou a atenção para o lado perigoso dos jogos de azar online, que, além do Crash, incluem bingos virtuais e outros tipos de apostas que podem levar a prejuízos financeiros e consequentemente outros problemas.
Os jogos da Blaze são projetados com regras simples, aumentando a atração para os usuários. No Crash, os participantes apostam uma quantia em dinheiro e acompanham a simulação de um avião decolando. O ganho potencial aumenta conforme a altitude do avião sobe, mas se o avião “explode” antes do jogador retirar sua aposta, o dinheiro é perdido. Os jogadores têm a opção de escolher entre modos automático e manual de jogo, cada um com suas próprias estratégias de risco e recompensa.
Em dezembro de 2023, a polícia de São Paulo iniciou uma investigação sobre a Blaze após receber várias denúncias de usuários. Os jogadores alegaram que a plataforma não pagava os prêmios de valores mais altos, levantando suspeitas de estelionato. Apesar das ações judiciais que incluíram o bloqueio de R$ 101 milhões e tentativas de retirar o site do ar, a ausência de representantes legais da Blaze no Brasil dificultou a eficácia dessas medidas.
A popularidade e o incentivo ao jogo são amplamente impulsionados por influenciadores digitais, alguns dos quais podem ganhar até R$ 1 milhão por mês promovendo plataformas de apostas. Figuras públicas como o jogador de futebol Neymar e celebridades como Viih Tube e Mel Maia já participaram de campanhas pagas para divulgar a Blaze, que também figura como patrocinadora de clubes de futebol brasileiros.
Diante dos crescentes problemas associados à promoção de jogos de azar online, o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) apresentou um Projeto de Lei, o PL 3915/2023, que visa proibir a divulgação irresponsável dessas atividades por influenciadores. No entanto, o projeto permanece em análise em Brasília desde dezembro de 2023, sem avanços.
O caso de Ângela Maria Camilo da Paz ressalta a necessidade urgente de uma regulamentação mais efetiva e de medidas de proteção para os usuários de plataformas de apostas online, a fim de evitar que mais indivíduos enfrentem consequências devastadoras por causa de jogos de azar digitais.
