A Nutrien, uma multinacional canadense de insumos agrícolas, está implementando um rigoroso plano de corte de custos diante das margens apertadas no setor. Em uma recente conferência com investidores, Ken Seitz, CEO global da Nutrien, destacou que a empresa está focada em um “plano de melhoria de margens” para enfrentar os desafios do mercado no curto prazo.
Seitz afirmou que, apesar das perspectivas de longo prazo no Brasil serem promissoras, os desafios atuais demandam uma estratégia adaptada. A Nutrien suspendeu recentemente as operações de três de suas cinco misturadoras de fertilizantes no país, localizadas em Morrinhos e Cristalina, em Goiás, e em Alfenas, Minas Gerais. O objetivo desta medida é reduzir os custos fixos e melhorar a eficiência dos ativos, refletindo a necessidade de uma gestão mais rigorosa dos recursos em meio a um cenário de inflação e custos logísticos elevados.
Nutrien revisa operações e vendas de ativos na América do Sul
Além das suspensões no Brasil, a Nutrien também anunciou a venda de suas sedes na Argentina, Chile e Uruguai. Essas regiões não estão, conforme os executivos, atendendo às expectativas de margens da empresa. Ken Seitz explicou que, apesar das boas relações locais e do desempenho operacional, as margens nesses mercados permanecem inferiores comparadas a outros. Isso não justificaria, portanto, os investimentos contínuos.
Globalmente, a Nutrien planeja cortar aproximadamente US$ 200 milhões em custos até 2026. Ao mesmo tempo, a empresa projeta aumentar suas vendas em 2 a 3 milhões de toneladas. A companhia também se comprometeu a melhorar a eficiência operacional para alcançar um Ebitda ajustado na faixa de US$ 1,9 bilhão a US$ 2,1 bilhões até 2026. Esta estratégia visa não apenas a redução de custos, mas também a melhoria consistente dos ganhos e da interação com o capital.
Leia também:
Impacto e perspectivas para o futuro
No primeiro trimestre de 2024, a Nutrien reportou um lucro líquido de US$ 165 milhões. O lucro reflete uma forte demanda por insumos agrícolas e uma normalização das margens na América do Norte. No Brasil, a expectativa é que a colheita da soja e o plantio do milho safrinha, que superou as expectativas iniciais, possam melhorar as margens agrícolas no segundo semestre de 2024.
Os desafios enfrentados pela Nutrien na América do Sul são intensificados pela volatilidade do mercado de fertilizantes. Isso se agravou especialmente após a invasão da Ucrânia pela Rússia, causando um aumento nos preços em 2022 e uma subsequente estabilização no ano seguinte. Desde abril de 2023, a Nutrien passou por uma reestruturação interna, com a saída de vários executivos seniores no Brasil, continuando até este ano.
