A partir desta terça-feira (18), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil inicia uma reunião que poderá marcar o fim do ciclo de cortes da taxa básica de juros, a Selic. O mercado financeiro aguarda as definições que serão anunciadas na quarta-feira (19). Desde agosto do ano passado, o Banco Central ajusta a Selic para baixo em resposta a um cenário econômico desafiador.
A expectativa predominante entre os analistas financeiros é de que o encontro do Copom mantenha a taxa Selic em 10,5% ao ano. Esta decisão, se confirmada, encerrará uma série de sete reuniões consecutivas onde a Selic foi reduzida, acumulando uma queda de 3,25 pontos percentuais. O último Boletim Focus, divulgado esta semana, reforça esta previsão, destacando a influência de fatores como a desvalorização do real, ruídos fiscais e a taxa de juros dos Estados Unidos.
Por outro lado, algumas instituições financeiras ainda consideram a possibilidade de novos cortes, esperando que a Selic possa ser reduzida para 10% ao ano. Entretanto, as pressões políticas e as incertezas econômicas podem influenciar a decisão final na reunião do Copom.
Reunião do Copom reflete cenário internacional e doméstico
A incerteza fiscal do governo brasileiro tem sido um ponto crítico. Gastos públicos elevados e um déficit fiscal crescente elevaram a dívida pública. Isso afeta a confiança dos investidores e pressiona as expectativas de inflação. Outro fator de destaque é a elevação dos juros nos Estados Unidos também preocupa. O fato nos EUA é alarmante, pois a diferença menor entre as taxas pode desviar investimentos do Brasil para o mercado norte-americano.
Na última semana, o Federal Reserve dos EUA manteve os juros em 5,5% ao ano, sinalizando apenas um pequeno corte para 2024. Esta diferença torna o mercado norte-americano mais atraente para os investidores, que preferem um retorno mais seguro, mesmo que menor.
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Reunião anterior e expectativas
A última reunião do Copom, que resultou na redução da Selic para 10,5% ao ano, foi marcada por uma divisão entre os membros do comitê. Quatro votos foram a favor de um corte maior, de 0,5 ponto percentual. Essa divisão reflete a complexidade das decisões de política monetária em um cenário de inflação elevada e crescimento econômico incerto.
Para a reunião de hoje, o mercado espera um consenso entre os diretores, com uma decisão unânime. A expectativa é de que o Copom comunique a necessidade de uma política monetária contracionista por tempo indeterminado para controlar a inflação.
Influências políticas e econômicas
A trajetória futura da Selic depende não apenas de fatores econômicos, mas também de pressões políticas. Membros que irão fazer parte da reunião do Copom, e que aspiram a posições de liderança, podem alinhar suas decisões com as expectativas do governo atual. O Banco Central consultou o mercado financeiro, que mantém a expectativa de que a Selic ficará em 10,5% ao ano. O Boletim Focus revela que a taxa deve continuar nesse patamar até o fim de 2024, com possíveis cortes previstos para os anos seguintes, chegando a 9% ao ano em 2026.
Impactos na Inflação e no PIB
A Selic é uma ferramenta usada para controlar a inflação. Quando, através da reunião Copom, a taxa é elevada, há uma busca por conter a demanda aquecida, encarecendo o crédito e estimulando a poupança. Este mecanismo ajuda a controlar os preços, mas também pode frear a expansão econômica. Com a Selic reduzida, como ocorreu nos últimos encontros, o crédito fica mais barato, incentivando produção e consumo, mas podendo aumentar a inflação.
Atualmente, a previsão do mercado financeiro para a inflação oficial do país, medida pelo IPCA, é de 3,96% para este ano. Para 2025 e 2026, as projeções são de 3,8% e 3,6%, respectivamente. Estas previsões estão dentro do intervalo da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional, que é de 3% com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.