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Copom: BC mantém Selic em 10,5% e interrompe ciclo de cortes

Decisão reflete temor do mercado com controle fiscal do governo

Banco Central do Brasil - Boletim Focus - Copom - Ata do Copom
Banco Central do Brasil (Imagem: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
Banco Central do Brasil - Boletim Focus - Copom - Ata do Copom
Banco Central do Brasil (Imagem: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter a taxa Selic em 10,5% ao ano, conforme anunciado nesta quarta-feira (19). A decisão interrompe o ciclo de queda iniciado em agosto do ano passado, quando a taxa estava em 13,75%.

Após sete reuniões consecutivas de cortes, esta é a primeira vez que o colegiado não altera os juros. O BC manteve a taxa básica no menor patamar desde o final de 2021. A decisão ocorre em um cenário de piora nos indicadores econômicos e aumento das preocupações do mercado sobre a capacidade do governo em controlar os gastos públicos e cumprir as metas fiscais.

Impacto no mercado

Desde a última reunião do Copom em maio, o mercado brasileiro tem mostrado sinais de desconfiança. O câmbio subiu de um patamar médio de R$ 5,10 para R$ 5,40, um avanço de quase 6,5%, enquanto o Ibovespa despencou cerca de 7,6%.

A manutenção da taxa Selic em 10,5% confirma as expectativas do mercado, que já antecipava o fim do ciclo de cortes devido à desancoragem das expectativas de inflação. Até abril deste ano, o Boletim Focus ainda indicava que a Selic poderia encerrar 2024 em um dígito, a 9%. Contudo, as projeções mais recentes ajustaram essa previsão para 10,5% ao final deste ano.

Revisões e projeções – Copom

Desde o início do ciclo de cortes, foram sete reduções consecutivas, seis de 0,50 ponto percentual e a última, em maio, de 0,25 ponto percentual. O Boletim Focus, publicado na segunda-feira (17), mostrou que o mercado reajustou as expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 3,96% ao fim deste ano. Houve também sete revisões de alta para 2025, com a projeção atual em 3,8%.

O aumento da desconfiança no mercado reflete a percepção negativa sobre a capacidade do governo de controlar os gastos públicos. A mudança de perspectiva se intensificou com as sinalizações de que o equilíbrio das contas públicas será buscado pelo aumento da receita, em vez do corte de gastos.

Recentemente, o anúncio de uma medida provisória (MP) que ajusta os créditos de PIS/Cofins para compensar a desoneração da folha de pagamentos gerou forte oposição entre parlamentares e diversos setores da economia. A pressão resultante levou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a devolver parte do texto ao governo. Então, em resposta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que não há um “plano B” para compensar a desoneração.

Posteriormente, Fernando Haddad, junto à ministra do Planejamento, Simone Tebet, defendeu uma agenda de revisão dos gastos do governo. A medida tem como objetivo tentar equilibrar as contas públicas.

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