O Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina registrou uma queda de 5,1% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano anterior, informou o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) nesta segunda-feira (24). O resultado coloca a economia argentina em recessão técnica, caracterizada por dois trimestres consecutivos de contração econômica.
No último trimestre do ano passado, o PIB da argentina já havia registrado uma queda de 2,6%, marcando o início da tendência negativa que se confirmou no início deste ano. Os meses de janeiro a março representam o primeiro trimestre completo sob a administração de Javier Milei, que assumiu a presidência em dezembro.
Impactos Setoriais
O setor de Construção apresentou a maior retração, com uma queda de 19,7%. Seguido pela Indústria de Transformação, que recuou 13,7%, e as atividades de Intermediação Financeira, com uma redução de 13,0%. Por outro lado, a Agricultura, Pecuária, Caça e Silvicultura tiveram um crescimento de 10,2%, indo na contramão da tendência geral.
A formação bruta de capital fixo, indicador fundamental para os investimentos no país, despencou 23,4% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse dado destaca a cautela dos investidores diante da instabilidade econômica.
Consumo Privado e Inflação
O consumo privado, um dos principais motores da economia, caiu 6,7% no primeiro trimestre. A desvalorização do peso e a aceleração inflacionária, que atingiu 57,3% no período, foram fatores determinantes para essa queda. O poder aquisitivo dos salários e aposentadorias também sofreu redução significativa.
Exportações e Importações
A desvalorização do peso argentino teve um efeito paradoxal sobre o comércio exterior. Enquanto as exportações aumentaram 26,1% nos três primeiros meses do ano, as importações caíram 20,1%, refletindo a queda na demanda interna e a tentativa de conter a saída de divisas.
Medidas do Governo Milei
Desde que assumiu, Javier Milei implementou uma série de medidas austeras para conter o déficit fiscal. Essas incluíram a paralisação de obras federais, interrupção de repasses financeiros para os estados e o fim de subsídios para tarifas de água, gás, luz e transporte público. Essas ações resultaram em um aumento imediato nos preços ao consumidor, agravando ainda mais a situação econômica.
Mercado de Trabalho e Pobreza
A taxa de desemprego aumentou para 7,7% no primeiro trimestre, em comparação com 5,7% no final do ano passado, resultando em cerca de 300 mil novos desempregados. A inflação acumulada de 276,4% e a intensificação da crise econômica colocaram 41,7% da população, aproximadamente 46,7 milhões de argentinos, abaixo da linha da pobreza.
O cenário econômico negativo, combinado com medidas austeras e alta inflação, contribuiu para um ambiente de incerteza e dificuldades para a população argentina. A administração de Milei enfrenta desafios para estabilizar a economia e reduzir o impacto sobre os cidadãos.