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Variação do IGP-10 em julho de 2024: o que isso significa para a economia?

Índice acumula alta de 1,63% no ano e 3,38% em 12 meses

Entenda a variação do índice IGP-10 em julho de 2024. (Foto: Eduardo Soares/Unsplash)
Entenda a variação do índice IGP-10 em julho de 2024. (Foto: Eduardo Soares/Unsplash)
Entenda a variação do índice IGP-10 em julho de 2024. (Foto: Eduardo Soares/Unsplash)
Entenda a variação do índice IGP-10 em julho de 2024. (Foto: Eduardo Soares/Unsplash)

O Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) registrou uma variação de 0,45% em julho de 2024, uma desaceleração em comparação com os 0,83% observados em junho, conforme divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) na última quarta-feira (17). Com esse resultado, o índice acumula uma alta de 1,63% no ano e de 3,38% nos últimos 12 meses. Em julho de 2023, o índice havia apresentado uma queda de 1,10% no mês e uma retração acumulada de 7,89% em 12 meses.

Análise dos componentes do IGP-10 em julho de 2024

André Braz, economista da FGV/Ibre, destacou que, apesar dos efeitos sazonais e da desvalorização do real frente ao dólar, os componentes do IGP-10 demonstraram uma desaceleração de junho para julho. Segundo Braz, a queda nos preços dos alimentos in natura contribuiu significativamente para essa desaceleração, tanto no âmbito do produtor quanto no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), resultando em deflação no grupo alimentação.

IPA: desempenho dos preços ao produtor

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) teve uma alta de 0,49% em julho, inferior à taxa de 0,88% registrada em junho. Os preços dos Bens Finais variaram 0,07% em julho, comparado a uma alta de 1,09% no mês anterior. Este movimento foi principalmente influenciado pelo subgrupo de alimentos in natura, que passou de uma alta de 3,30% para uma deflação de -3,99%.

No grupo de Bens Intermediários, a taxa desacelerou de 0,77% em junho para 0,44% em julho, influenciada pelo recuo nos preços de materiais e componentes para a manufatura, que passaram de 1,30% para 0,42%. Por outro lado, o grupo Matérias-Primas Brutas registrou uma taxa de 0,96% em julho, superior aos 0,80% observados em junho, com contribuições significativas de itens como café em grão (de 1,24% para 9,42%), laranja (de -6,17% para 4,66%) e cacau (de -14,61% para 14,28%).

IPC: análise dos preços ao consumidor

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) desacelerou de 0,54% em junho para 0,24% em julho. Entre as oito classes de despesa que compõem o índice, cinco registraram decréscimos nas suas taxas de variação. Alimentação caiu de 0,97% para -0,12%. Habitação caiu de 0,52% para 0,14%. Saúde e Cuidados Pessoais caiu de 0,75% para 0,41%. Transportes caiu de 0,37% para 0,28%. Comunicação caiu de 0,26% para 0,08%. Os itens que mais contribuíram foram hortaliças e legumes, caindo de 6,53% para -3,14%. Aluguel residencial caiu de 1,18% para 0,02%. Artigos de higiene e cuidado pessoal caiu de 1,86% para 0,75%. Transporte por aplicativo caiu de 5,40% para -6,45%. Combo de telefonia, internet e TV por assinatura caiu de 0,58% para 0,01%.

Em contrapartida, os grupos Educação, Leitura e Recreação (0,22% para 0,67%), Despesas Diversas (0,35% para 0,95%) e Vestuário (-0,20% para 0,18%) apresentaram avanço em suas taxas de variação, impulsionados por itens como passagem aérea (1,85% para 3,53%), serviços bancários (0,38% para 1,79%) e roupas (-0,43% para 0,12%).

INCC: variação nos custos da construção

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) variou 0,54% em julho, uma redução comparada à taxa de 1,06% observada em junho. Os componentes do INCC tiveram comportamentos distintos. Materiais e Equipamentos subiram menos, passando de 0,45% em junho para 0,38% em julho. Serviços recuaram de 0,39% em junho para 0,08% em julho. A Mão de Obra desacelerou de 1,96% em junho para 0,83% em julho.

Comparação com projeções do mercado

O resultado do IGP-10 de julho, que apresentou uma alta de 0,45%, ficou acima da mediana das projeções do Projeções Broadcast, que era de 0,38%. As expectativas dos entrevistados variavam entre 0,09% e 0,66%. No acumulado do ano, o IGP-10 registra uma alta de 1,63%, enquanto a taxa acumulada em 12 meses é de 3,38%, acima da mediana de 3,32% e dentro do intervalo esperado de 3,03% a 3,60%.

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Preços agropecuários e produtos industriais

Os preços agropecuários no atacado subiram 0,81% em julho, após uma alta de 1,11% em junho. Já os preços dos produtos industriais avançaram 0,37% no atacado em julho, contra uma elevação de 0,80% no mês anterior. No Índice de Preços por Atacado segundo Estágios de Processamento (IPA-EP), os preços dos bens finais subiram 0,07% em julho. Em junho, a elevação foi de 1,09%. Os preços dos bens intermediários subiram 0,44% em julho, após uma alta de 0,77% em junho. Os preços das matérias-primas brutas avançaram 0,96% em julho, depois de uma elevação de 0,80% em junho.

Análise

“A desaceleração do IGP-10 em julho reflete um cenário de ajustes econômicos importantes, especialmente no setor de alimentos in natura. A deflação nesse segmento é um alívio para o consumidor, mas também destaca a volatilidade dos preços agrícolas. Enquanto isso, a alta observada nas matérias-primas brutas, como café e cacau, indica uma pressão inflacionária que ainda persiste em alguns setores. Esse equilíbrio delicado entre deflação em alimentos e pressão em matérias-primas brutas precisa ser monitorado de perto para entender seus impactos futuros na economia brasileira”, destacou Jackson Pereira Jr., articulista de negócios do Economic News Brasil.