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O que explica a venda de ações de Warren Buffett?

Liquidação de títulos da Apple e aumento de caixa indicam cautela do investidor

(Foto: Divulgação)
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O renomado investidor Warren Buffett, através de sua empresa Berkshire Hathaway, adotou recentemente uma postura defensiva, refletida na acumulação de capital e na venda de ações. Esta estratégia parece alinhada com a visão cautelosa de Buffett sobre o mercado de ações e a economia dos Estados Unidos.

Com venda de ações, Warren Buffett busca acumulação de capital

Em uma análise recente, o geopolítico indiano S.L. Kanthan sugeriu que Buffett está acumulando capital para se beneficiar de uma possível quebra do mercado de ações. A Berkshire Hathaway, cujo caixa aumentou para quase 277 bilhões de dólares, vendeu aproximadamente metade de sua participação na Apple, mesmo com o conglomerado reportando um lucro operacional trimestral recorde.

Resultados e indicadores econômicos

Os resultados da Berkshire, divulgados no sábado (3), indicam que Buffett, de 93 anos, está cada vez mais cauteloso com a economia dos EUA. A queda do mercado de ações empurrou o Nasdaq para o território de correção, e um relatório de empregos fraco levantou preocupações sobre a atividade econômica americana e as políticas do Federal Reserve.

A analista Cathy Seifert, da CFRA Research, afirmou que a Berkshire está “ficando na defensiva”. O caixa da empresa cresceu para 276,9 bilhões de dólares em 30 de junho, em grande parte devido à venda líquida de 75,5 bilhões de dólares em ações. O segundo trimestre marcou o sétimo consecutivo em que a Berkshire vendeu mais ações do que comprou.

A Berkshire vendeu cerca de 390 milhões de ações da Apple no segundo trimestre, além das 115 milhões vendidas no primeiro trimestre, quando o preço das ações da Apple subiu 23%. Apesar disso, a empresa ainda detinha cerca de 400 milhões de ações, avaliadas em 84,2 bilhões de dólares, em 30 de junho.

Jim Shanahan, analista da Edward Jones, expressou preocupação com a visão de Buffett sobre os mercados e a economia, já que o investidor parece não ver oportunidades atraentes em ações públicas, inclusive nas próprias ações da Berkshire. No segundo trimestre, o lucro das empresas da Berkshire aumentou 15%, para 11,6 bilhões de dólares, impulsionado pelos negócios de seguros, como a Geico.

Cenário econômico e estratégias fiscais

A redução da participação na Apple pode ser interpretada como uma medida de gestão de risco. Joe Gilbert, da Integrity Asset Management, afirmou que, se houvesse preocupações sobre a viabilidade a longo prazo da Apple, Buffett teria vendido toda a posição. A decisão de vender pode estar ligada a preocupações com impostos sobre ganhos de capital futuros, em meio à busca do governo dos EUA por soluções para o déficit fiscal.

Os resultados financeiros recentes da Apple mostraram um retorno ao crescimento da receita e indicaram que novos recursos de IA impulsionarão as vendas do iPhone. Apesar das vendas de ações, a Apple continua sendo a maior participação acionária da Berkshire, representando uma parte significativa do portfólio do conglomerado.

Revisão de portfólio e perspectivas econômicas

A revisão do portfólio da Berkshire reflete uma postura defensiva em meio às incertezas econômicas. A empresa também reduziu sua participação no Bank of America, sinalizando uma expectativa de enfraquecimento do consumo e da economia americana. Brian Mulberry, da Zacks Investment Management, observou que a Berkshire pode estar esperando mais provas dos investimentos da Apple em IA antes de aumentar sua exposição novamente.

Lucros e Resultados Operacionais

O lucro operacional da Berkshire aumentou 16% no segundo trimestre, atingindo 11,6 bilhões de dólares. No entanto, o lucro líquido caiu 15%, para 30,34 bilhões de dólares, refletindo a volatilidade dos mercados e as regras contábeis que exigem a inclusão de ganhos e perdas não realizados.

A decisão de Buffett de vender ações da Apple pode ser uma estratégia para garantir a eficiência da gestão da carteira e uma postura mais defensiva. A Apple continua sendo um dos pilares da carteira da Berkshire, e Buffett indicou que a empresa provavelmente continuará a ser sua principal participação, apesar das vendas recentes.