Na última sexta-feira (9), a 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Justiça de São Paulo aceitou o pedido de recuperação extrajudicial da Tok&Stok, uma das principais varejistas do Brasil. A decisão ocorre em um momento crítico para a empresa, que enfrenta uma dívida estimada em quase R$ 642 milhões. Este processo é um reflexo das dificuldades financeiras que a Tok&Stok vem enfrentando ao longo dos últimos anos.
Contexto da recuperação extrajudicial
A recuperação extrajudicial é um mecanismo legal que permite a uma empresa em crise financeira renegociar suas dívidas diretamente com credores estratégicos. O plano de recuperação foi aprovado por credores, que representam 65% de suas dívidas, incluindo instituições financeiras de peso como Bradesco, Santander, Domus e FS Investments. A decisão de aceitar o pedido de recuperação extrajudicial foi feita no mesmo dia em que a Mobly anunciou um acordo para adquirir a totalidade da operação da Tok&Stok.
Histórico financeiro e desafios
Desde o ano passado, a Tok&Stok vem enfrentando uma série de problemas financeiros. Em 2023, a empresa contratou a consultoria Alvarez & Marsal para ajudar na reestruturação financeira, visando solucionar suas dívidas. Apesar dos esforços, a empresa teve que lidar com ações legais, incluindo um pedido de despejo por falta de pagamento de aluguel em Minas Gerais. Embora tenha conseguido quitar uma dívida de mais de R$ 2 milhões, a Tok&Stok ainda precisou desocupar um shopping em Ribeirão Preto devido a atrasos no aluguel.
Além disso, em abril de 2023, a Tok&Stok enfrentou um pedido de falência de um de seus principais parceiros tecnológicos, que alegou um valor em atraso de R$ 3,8 milhões.
O processo de recuperação extrajudicial
De acordo com Bandeira, da Magma, a empresa pode negociar diretamente com seus credores mais importantes até chegar a um acordo. O principal requisito para a recuperação extrajudicial é que os credores que possuam pelo menos 51% dos créditos aceitem a proposta. Isso contrasta com a recuperação judicial, que exige a aprovação de mais da metade dos credores, independentemente do valor dos créditos.
Para solicitar a recuperação extrajudicial, a empresa deve estar em crise financeira comprovada, não ter sócios ou administradores condenados por práticas ilegais e não ter passado por recuperação judicial ou falido nos últimos cinco anos.
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Venda da Tok&Stok para a Mobly
O acordo de venda da Tok&Stok para a Mobly é um passo significativo para a empresa em crise. A Mobly adquirirá a Tok&Stok por meio de um aumento de capital. Com os fundos geridos pela SPX farão a transferência de sua participação de 60,1% na Tok&Stok para a Mobly. Com essa operação, a Mobly passará a operar um total de 70 lojas físicas. Combinando as duas marcas, e a receita líquida anual das empresas alcançará R$ 1,6 bilhão.
Em comunicado, a Mobly afirmou que as duas empresas continuarão operando de forma independente, mantendo suas marcas e posicionamentos de mercado. Victor Noda, fundador e presidente da Mobly, destacou que a integração das duas empresas ampliará o valor para acionistas e públicos de interesse. A Mobly também indicou que os atuais acionistas minoritários da Tok&Stok terão a opção de contribuir com sua participação acionária na empresa para a nova Mobly, na mesma proporção.