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Argentina enfrenta queda de 3,9% na economia em junho de 2024

Bandeira da Argentina
Bandeira da Argentina (Imagem: Píxabay)
Bandeira da Argentina
Bandeira da Argentina (Imagem: Píxabay)

A economia da Argentina registrou uma redução de 3,9% em junho de 2024, comparado ao mesmo período do ano anterior, conforme dados oficiais divulgados nesta quarta-feira (21). O desempenho foi pior do que o esperado pelos analistas, que projetavam uma queda de 1,9%, de acordo com uma pesquisa realizada pela Reuters. O resultado final superou até mesmo a previsão mais pessimista, que estimava uma contração de 3,2%.

A queda econômica veio após um breve crescimento em maio. Naquele mês, a Argentina registrou um aumento de 2,3% na atividade econômica. Esse crescimento foi impulsionado pelo setor agrícola e pecuário, que cresceu 100% em relação ao ano anterior. Em junho, o setor agrícola ainda teve alta de 82%, mas a economia como um todo não manteve o ritmo, evidenciando as dificuldades geradas pelas políticas econômicas do presidente Javier Milei.

Medidas severas na Argentina

Desde que assumiu o cargo em dezembro de 2023, Javier Milei implementou uma série de medidas de duras que tiveram impactos profundos na economia argentina. A retirada dos subsídios governamentais sobre serviços essenciais como energia, água, gás e transporte público resultou em aumentos nas tarifas, pressionando ainda mais o orçamento das famílias argentinas.

Além disso, o presidente decidiu suspender projetos de infraestrutura financiados pelo governo federal e interrompeu repasses financeiros para os estados, com o objetivo de reduzir os gastos públicos. Essas medidas, embora tenham contribuído para a desaceleração da inflação, também resultaram em um declínio em setores como construção e indústria. Em junho, a construção caiu 24% em comparação ao mesmo mês do ano anterior. Já a atividade industrial teve uma redução de 20%.

Superávit Fiscal

Apesar da recessão, as políticas de Javier Milei geraram alguns resultados positivos. A inflação desacelerou, atingindo o nível mais baixo em anos, e as taxas de juros caíram. Além disso, o governo argentino alcançou um superávit fiscal no primeiro trimestre de 2024, o primeiro em 16 anos, o que levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) a liberar um desembolso de US$ 800 milhões para o país.

Contudo, os analistas alertam que o governo alcançou o superávit fiscal principalmente por meio de cortes de despesas, e não pelo aumento das receitas. Isso levanta preocupações sobre a sustentabilidade dessas políticas no longo prazo, especialmente diante de uma crise social. A redução dos gastos públicos levou a uma onda de demissões e a uma diminuição dos salários e das aposentadorias, intensificando as dificuldades enfrentadas pela população.

Crise social

A crise econômica aprofundada pelas políticas de Javier Milei tem tido efeitos devastadores na vida dos argentinos. Atualmente, 41,7% da população, ou cerca de 19,5 milhões de pessoas, vivem abaixo da linha da pobreza, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec).

O declínio no consumo é um dos reflexos mais claros dessa situação. Até março de 2024, o consumo de carne, um dos principais ícones da cultura alimentar argentina, caiu para o menor nível em 30 anos. A Câmara da Indústria e Comércio de Carnes e Derivados da Argentina divulgou os dados. A redução no consumo é indicativa da perda do poder de compra das famílias argentinas e do impacto duradouro da crise econômica.

A expectativa do governo de Javier Milei é que a continuação da queda no consumo ajude a reduzir ainda mais a inflação, um dos principais objetivos de sua administração. No entanto, o desafio será equilibrar essa redução inflacionária com a necessidade de reativar setores importantes da economia e melhorar as condições de vida de milhões de argentinos que já sofrem com a crise.