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Yelp processa Google por práticas anticompetitivas: o que está em jogo?

(Foto: Divulgação/Wikimedia Commons).
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Durante anos, o sistema de buscas Yelp acusou o Google de práticas anticompetitivas, alegando que o gigante favorece seus próprios produtos nos resultados de pesquisa. Agora, essas tensões chegaram ao tribunal, com o Yelp processando o Google por violar leis antitruste nos EUA. O processo tem grande repercussão no Vale do Silício, gerando um debate sobre o impacto das práticas monopolistas na concorrência digital.

O Yelp foi fundado em 2004 por Russel Simmons e Jeremy Stoppelman, ex-funcionários do PayPal. Desde então, a empresa se tornou uma das principais fontes de avaliações de empresas, com milhões de avaliações publicadas globalmente. O Yelp já tentou negociar com o Google no passado, mas as tentativas de aquisição não foram bem-sucedidas. Agora, a relação entre as duas empresas está marcada por disputas jurídicas e acusações de práticas anticompetitivas.

Enquanto isso, o Google aponta que suas práticas de exibição de resultados de busca beneficiam empresas, gerando mais de 3 bilhões de cliques em sites de terceiros todos os meses. A empresa também destaca que a FTC, após uma investigação de 19 meses, não encontrou evidências suficientes para processar o Google por práticas anticompetitivas.

O cenário da disputa: práticas anticompetitivas do Google

O Yelp, uma plataforma popular de avaliações de clientes, sustenta que o Google manipula os resultados de busca para priorizar seus próprios serviços. Por exemplo, quando um usuário pesquisa “restaurantes no Brooklyn”, o Google exibe seus próprios resumos e classificações acima dos resultados de rivais como o Yelp. Isso, segundo a empresa de São Francisco, resulta em menos visitas ao seu site e perda de receita publicitária.

Essa prática levou o Yelp a entrar com uma ação judicial contra o Google, acusando-o de desviar tráfego e roubar informações de avaliações de clientes do Yelp para exibi-las como se fossem originárias do próprio Google. A queixa também menciona ajustes no algoritmo que prejudicam o Yelp, comprometendo o crescimento da plataforma e seu impacto nos negócios locais.

A resposta do Google

O Google nega as acusações, chamando-as de infundadas. A empresa destacou que a Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC) concluiu em 2013 que suas práticas não violavam as leis antitruste. “O Google se defenderá vigorosamente contra as alegações do Yelp“, disse a empresa em comunicado oficial.

Apesar da defesa do Google, o clima jurídico nos EUA vem mudando, especialmente após uma recente decisão judicial que determinou que o Google violou leis antitruste, fortalecendo o argumento de que a empresa exerce monopólio sobre as buscas na web. Essa decisão abriu caminho para que o Yelp e outras empresas afetadas processem o Google.

O impacto da decisão Antitruste

Especialistas jurídicos acreditam que o processo do Yelp pode ser apenas o primeiro de uma série de ações contra o Google. “Essa decisão foi inovadora no contexto das leis antitruste”, comentou Aaron Schur, conselheiro geral do Yelp. Ele acrescentou que a decisão do juiz Amit Mehta representa uma mudança na interpretação das leis antitruste, tradicionalmente aplicadas a indústrias como petróleo e ferrovias.

Além disso, Carl Tobias, professor de direito da Universidade de Richmond, afirmou que a vitória do Yelp poderia abrir precedentes para outras empresas que se consideram prejudicadas pelas práticas monopolistas do Google.

Perspectivas futuras

A ação movida pelo Yelp pode ter implicações profundas para o setor de tecnologia. Legisladores e autoridades reguladoras dos EUA têm intensificado o escrutínio sobre grandes empresas de tecnologia, com o Departamento de Justiça processando a Apple, Google e Amazon nos últimos anos. Recentemente, o Google concordou em pagar cerca de US$ 173 milhões em cinco anos para apoiar veículos de jornalismo e iniciativas de aceleração de IA, após negociações com os legisladores.

O processo antitruste do Yelp pode eventualmente chegar à Suprema Corte dos Estados Unidos, de acordo com alguns especialistas jurídicos. “A ação não visa apenas um pagamento”, afirmou Bryan Sullivan, sócio fundador do escritório de advocacia Early Sullivan Wright Gizer & McRae. “O Yelp busca marcar uma posição e transformar o cenário.”