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Como a seca e as queimadas afetam a economia?

Os impactos das queimadas na economia brasileira são incalculáveis.
(Foto: Taylor Hunt/Pexels)
Os impactos das queimadas na economia brasileira são incalculáveis.
(Foto: Taylor Hunt/Pexels)

Após a boa notícia de inflação negativa no mês de agosto, os economistas apontam que podemos esperar um mês de setembro não tão animador. Puxada principalmente pelo setor de alimentos, passagens aéreas e energia, a deflação de 0,02% do mês de agosto provavelmente não irá se repetir. Economistas apontam que a grave situação da seca no Brasil – a pior já registrada pelo Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) desde quando começaram as medições (1950) – responsável pelas queimadas que se espalham pelo país, afetará os resultados da economia, sendo importante entender o impacto geral da seca e queimadas na economia.

Em entrevista para rádio Nova Brasil, a economista Marcela Kawauti disse que a união das secas e das queimadas pode prejudicar diversos setores da produção de alimentos que afetarão diretamente os preços. Kawauti aponta que o principal deles será a produção de cana-de-açúcar, que além de aumentar o preço do alimento impactará diretamente a produção de etanol.

Produtos Afetados pelas Queimadas

A economista também ressalta que setores como feijão, carne bovina, frutas e hortaliças serão afetados pelas queimadas e pela seca. Esses fatores agravarão ainda mais a situação econômica, já pressionada por outros desafios. O impacto sobre esses produtos pode elevar preços e dificultar o acesso aos alimentos, especialmente em regiões mais vulneráveis. Isso porque, além da falta de água para lavoura, o gado terá menos alimento, pois o pasto foi consumido pelo fogo.

Em relação aos transportes, algumas rodovias tiveram que ser interditadas em razão da densa fumaça, que prejudicava a visibilidade. Somado a isso, a seca afeta os rios, que com menor profundidade não conseguem fazer o transporte de alimentos e sobrecarregam as estradas. A alta da conta de luz pode elevar a inflação, especialmente após a ativação da tarifa vermelha no início de setembro. O governo implementou essa medida para reduzir o consumo de energia. Esse aumento nas tarifas acaba pressionando os preços em diversos setores, já que a energia é um insumo essencial. O impacto pode ser sentido diretamente pelo consumidor, que enfrentará custos mais altos. Além disso, empresas também sofrem com esse reajuste, o que pode resultar em aumento dos preços dos produtos e serviços. A economia sente todos esses efeitos.

A recuperação da seca, das queimadas e da economia

Para além das consequências imediatas, Marcela Kawauti alerta para os efeitos a longo prazo dos incêndios. Isso por que a recuperação do solo queimado pode demorar “pelo menos 3 anos”, segundo Alberto Bernardi, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste. É importante entender a duração desse impacto na economia após essas queimadas.

Segundo Alberto, a vegetação que brota após as queimadas, estimulada pelas cinzas ricas em nutrientes, apesar de promissora no curto prazo, não garante a recuperação completa do ecossistema. Ou seja, a perda de nutrientes essenciais, a redução da matéria orgânica e a intensificação da erosão comprometem a fertilidade do solo a longo prazo. Assim, o preço da retomada e do investimento para tal pode ser repassado ao consumidor e impactar a economia de diversas maneiras.