Nesta semana, uma série de dados vieram a público a respeito das apostas online no Brasil. Mas o que chamou atenção não foi propriamente a quantidade de apostadores, que passam das dezenas milhões. Segundo levantamento do Banco Central, cerca de 24 milhões de pessoas físicas realizaram ao menos uma transferência via Pix para uma das bets (como ficaram popularmente conhecidas) que operam no país. Porém, esse número não leva em conta apostas com cartão de crédito, o que alertou setores da economia e governo sobre a necessidade proibir o uso de cartão para evitar que haja endividamento, assim como drenagem de recursos que poderiam ir para o comércio de produtos e serviços essenciais.
A preocupação com proibir apostas com cartão de crédito também deriva do fato de o estudo do Bacen revelar que os brasileiros gastaram R$ 20 bilhões com apostas esportivas apenas via Pix. Dessa forma, recursos que se deslocavam para outras atividades do comércios estão indo para a conta das bets, o que tem deixado entidades do varejo preocupadas.
Como o governo federal impedirá apostas com cartão de crédito?
Nesta quarta-feira (25/9), Fernando Haddad, ministro da Fazenda, esteve em São Paulo para participar da J. Safra Brazil Conference 2024, evento que reúne investidores de diversos setores da economia. Mas acabou falando sobre o processo de regulamentação das bets, principalmente sobre como o governo federal vai bloquear apostas com cartão de crédito. Segundo o titular da pasta, haverá um sistema que impedirá apostas com cartão. “Nós vamos, no sistema de controle do Ministério da Fazenda, primeiro: impedir (que) as pessoas (apostem) com cartão de crédito. Teremos CPF por CPF de quem está apostando. Tudo sigiloso. Ninguém vai abrir essa conta”, revelou Haddad.
Além das apostas com cartão de crédito, o ministro contou também que haverá um monitoramento por CPFs. A finalidade é identificar “pessoas que já estão revelando uma certa dependência psicológica do jogo”. “Em cinco anos sem regulação, já tem gente que deve estar precisando de apoio profissional. Então, o nosso objetivo é, sim, não dar incentivo fiscal para o jogo. Por isso, também tem a tributação”, acrescentou.
