A inclusão de todas as idades tem ganhado espaço nas discussões sobre diversidade, mas o etarismo ainda é um desafio subestimado nas empresas. Segundo a pesquisa conduzida pela Robert Half em parceria com Labora, apesar dos avanços, 70% das companhias brasileiras ainda não implementaram métricas de diversidade etária para mensurar o progresso nas suas ações contra o preconceito etário. Esse preconceito, muitas vezes velado, continua a impedir a inclusão de diferentes gerações no ambiente corporativo.
Para criar um ambiente verdadeiramente inclusivo, as empresas precisam adotar políticas que incentivem a inclusão de todas as idades, com estratégias que integrem eficazmente gerações diversas, promovendo uma diversidade equilibrada.
Falta de métricas claras impede a inclusão de todas as idades
Um dos principais pontos destacados pela pesquisa é a ausência de indicadores claros nas organizações para monitorar o progresso das iniciativas de inclusão. Em 2023, 80% das empresas admitiram não possuir métricas para avaliar o sucesso de seus programas de diversidade geracional. Embora esse número tenha caído para 70% em 2024, ainda é preocupante que sete em cada dez organizações continuem sem dados concretos.
A falta de métricas limita a capacidade das empresas de entender o verdadeiro impacto do envelhecimento da força de trabalho e dificulta o planejamento de ações eficazes contra o etarismo.
Empresas Estão Lentas em Reter Profissionais 50+
Outro dado relevante mostra que 61% das empresas ainda não adotaram medidas para reter profissionais com mais de 50 anos, conhecidos como a força de trabalho 50+. Embora tenha havido uma melhora em relação a 2023, quando 71% das empresas não possuíam políticas de retenção, o cenário permanece desafiador. Empresas que implementaram programas voltados para colaboradores mais velhos estão apenas começando a monitorar o desenvolvimento desses profissionais e realizar revisões periódicas de desempenho.
Conscientização sobre Etarismo Ainda é Incipiente
Embora 63% das empresas afirmem nunca terem presenciado casos de preconceito etário no ambiente de trabalho, a pesquisa revela que essa percepção pode não refletir a realidade. Entre os desempregados, 66% acreditam que o preconceito etário é o principal obstáculo à sua recolocação. Essa disparidade entre a percepção das empresas e a experiência dos profissionais sugere que muitas companhias ainda não conseguem identificar adequadamente o etarismo.
“A desconexão revela a necessidade de maior conscientização sobre o que caracteriza o preconceito etário e como ele impacta a cultura corporativa”, afirma Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul.
Inclusão de todas as idades nos processos seletivos: desafios e soluções
Outro aspecto preocupante é a falta de foco na inclusão de todas as idades durante os processos seletivos. A pesquisa indica que 77% das empresas não possuem iniciativas claras para aumentar a diversidade etária em suas contratações. Apesar de 39% das companhias discutirem a implementação de políticas para tratar essa questão, ainda há um longo caminho a percorrer.
Entre as práticas recomendadas para promover a inclusão geracional nos processos de recrutamento, destaca-se o treinamento das equipes de RH para evitar preconceitos inconscientes. Além disso, algumas empresas estão adotando jornadas de trabalho diferenciadas e contratações por projeto como forma de atrair profissionais mais experientes.
A Sub-representação de Mulheres 50+ e a Interseccionalidade
Um dos pontos mais críticos revelados pela pesquisa é a sub-representação de mulheres acima de 50 anos no mercado de trabalho. Em 32,2% das empresas, as mulheres 50+ representam menos de 5% da força de trabalho, destacando uma disparidade de gênero nessa faixa etária. Além disso, a pesquisa mostra que muitas companhias ainda não possuem dados suficientes sobre a interseccionalidade, como o percentual de pessoas LGBTQIA+ acima de 50 anos em seus quadros.
Baixa conscientização sobre o etarismo
A pesquisa realizada pela Robert Half e Labora deixa claro que, apesar dos avanços, as empresas brasileiras ainda enfrentam desafios quando se trata da inclusão de todas as idades. A ausência de métricas de diversidade etária e a baixa conscientização sobre o etarismo continuam sendo obstáculos para a criação de um ambiente corporativo verdadeiramente diverso e inclusivo.
Para mudar esse cenário, as empresas devem investir em conscientização e formação para líderes e colaboradores. Isso garante que todos os profissionais, independentemente da idade, tenham oportunidades iguais de crescimento e desenvolvimento.