A Refinaria Abreu e Lima (Rnest), da Petrobras, localizada em Ipojuca, Pernambuco, está prestes a inaugurar uma unidade inédita de abatimento de emissões, a U-93 Snox, tecnologia que tornará a unidade mais sustentável. Em fase final de ajustes, a unidade deve iniciar operações em dezembro, sendo a primeira do tipo nas Américas e a terceira no mundo.
Com a Snox, a refinaria reduzirá significativamente as emissões de óxido de enxofre (SOx) e óxido de nitrogênio (NOx), convertendo-os em ácido sulfúrico, produto que será comercializado.
Redução de emissões e impacto ambiental positivo
A tecnologia Snox, já em operação na Itália e na Áustria, vai permitir a redução de até 99% nas emissões de SOx e 95% de NOx, gases que afetam diretamente a qualidade do ar e a saúde humana. Segundo Márcio Maia, gerente-geral da refinaria, “a nossa responsabilidade socioambiental tem que ser gigante, estamos em uma região que é um paraíso”. A melhoria na qualidade do ar beneficiará especialmente as áreas vizinhas à refinaria, próximas ao Porto de Suape e ao balneário de Porto de Galinhas.
Comercialização de ácido sulfúrico
Além de reduzir a poluição, a Snox produzirá ácido sulfúrico, com contrato de venda fechado com o grupo Bauminas, que atua no tratamento de água. O contrato, que tem duração inicial de dez anos, garantirá o abastecimento para o grupo, capaz de tratar água para cerca de 30 milhões de pessoas. “A gente vai vender o ácido sulfúrico, é mais uma receita para a refinaria”, destaca Rodrigo Avelino, gerente de projeto da Rnest.
Expansão da capacidade de produção e oferta de diesel S-10
A nova unidade Snox permitirá o aumento da capacidade de refino da refinaria de 100 mil para 115 mil barris de petróleo diários. Isso elevará a produção de diesel S-10, um combustível com baixo teor de enxofre, importante para a redução do impacto ambiental. Em 2023, a Abreu e Lima produziu 2,8 bilhões de litros de diesel S-10, suficientes para abastecer milhões de caminhões e veículos pesados.
A crescente demanda pelo diesel S-10 está alinhada à expectativa de descontinuação do diesel S-500, de maior teor de enxofre, conforme regulamentação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Essa transição busca aprimorar a qualidade do ar no Brasil.
Investimentos, empregos e impacto econômico
A construção da unidade Snox representou um investimento de R$ 520 milhões e gerou cerca de 1.300 empregos no pico da obra. Esse projeto faz parte do plano original da refinaria, mas sofreu atrasos devido a questões financeiras e à operação Lava Jato. A Petrobras chegou a interromper investimentos e considerou a venda da refinaria entre 2019 e 2022 para implementar essa medida sustentável na unidade. Em 2023, a companhia retomou os investimentos, impulsionada pelo governo Lula.
A refinaria responde atualmente por 6,5% do total processado pela Petrobras e representa 6,1% da arrecadação de ICMS de Pernambuco, além de R$ 50 milhões anuais em ISS para Ipojuca.
Modernização e ampliação de capacidade até 2025
Além da Snox, a Abreu e Lima passa por um processo de modernização, com conclusão prevista para o início de 2025, que ampliará a capacidade para 130 mil barris diários. “Esse processo de atualização é uma alternativa mais econômica do que construir uma nova refinaria”, comenta Bruno Daguano, coordenador de Projetos da Rnest.
Outro avanço planejado é a conclusão do Trem 2, estrutura que duplicará a atual linha de produção da refinaria. O projeto, previsto para 2028, criará aproximadamente 30 mil empregos diretos e indiretos.
Sustentabilidade e inovação
Embora seja uma refinaria focada em combustíveis fósseis, a Abreu e Lima investe em alternativas sustentáveis, como o diesel renovável, que utiliza matéria-prima vegetal. Essa diversificação reflete o compromisso da Petrobras com as demandas ambientais e com a produção de combustíveis mais sustentáveis.
Para o gerente-geral Márcio Maia, a Snox é um avanço tecnológico e uma resposta ao compromisso socioambiental da Petrobras, que fortalece sua relação com o meio ambiente e as comunidades locais. “Somos uma refinaria que foi desenhada para ajudar o Brasil a não importar diesel”, conclui Maia.