As vendas no comércio varejista brasileiro subiram 0,5% em setembro, retomando o recorde atingido em maio deste ano, conforme os dados divulgados pela Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Após uma leve retração de 0,2% em agosto, esse crescimento representa um impulso no setor, que acumula alta de 4,8% em 2024 e de 3,9% nos últimos 12 meses.
Atividades impulsionam o comércio varejista
No mês de setembro, metade das atividades pesquisadas pelo IBGE teve crescimento. O destaque foi o setor de “outros artigos de uso pessoal e doméstico”, com alta de 3,5%, seguido por “combustíveis e lubrificantes” (2,3%), e “artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria” (1,6%). Hipermercados e supermercados, que incluem produtos alimentícios, bebidas e fumo, também mostraram crescimento, com um avanço de 0,3%.
Para Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE, esse desempenho reflete uma estabilidade em um nível alto desde maio: “Se a gente está circundando o nível recorde, mais ou menos, desde maio, a gente está em uma base alta.” Segundo Santos, fatores como a ampliação de crédito para pessoas físicas, aumento de empregos e da massa salarial foram determinantes para o desempenho do setor.
Setores que apresentaram queda
Mesmo com o saldo positivo, algumas áreas registraram recuo em setembro. O setor de móveis e eletrodomésticos caiu 2,9%, enquanto “equipamentos e material para escritório, informática e comunicação” teve redução de 1,8%. “Tecidos, vestuário e calçados” também diminuíram 1,7%, e “livros, jornais, revistas e papelaria” registraram uma leve queda de 0,9%. Esses setores, embora importantes, não acompanharam o ritmo de crescimento de vendas do comércio das demais atividades no mês.
No acumulado do terceiro trimestre de 2024, o comércio varejista registrou alta de 0,3% em relação ao trimestre anterior e de 4% comparado ao mesmo período do ano passado, consolidando a 16ª taxa positiva consecutiva.
Supermercados e artigos farmacêuticos sustentam o crescimento
Supermercados e artigos farmacêuticos, com as maiores participações na pesquisa do IBGE (55,6% e 11%, respectivamente), foram essenciais para o bom desempenho do comércio varejista. A demanda estável por produtos básicos e de saúde reforça a importância desses setores, que mantêm crescimento mesmo em períodos de maior desaceleração econômica. Essas atividades funcionam como pilares de estabilidade e sustentam parte significativa do crescimento registrado.
Números do varejo ampliado
Além do varejo tradicional, o IBGE acompanha o chamado “varejo ampliado”, que inclui veículos, motos, peças, materiais de construção e o atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo. As vendas do comércio desse setor cresceu 1,8% de agosto para setembro, superando o maior patamar da série histórica, atingido em agosto de 2013. Em relação a setembro de 2023, o varejo ampliado registrou expansão de 3,9%, acumulando 3,8% nos últimos 12 meses.
Entre os destaques do varejo ampliado está a venda de veículos, com aumento de 2,4%, apoiado pelo crédito facilitado para a compra de automóveis, o que impulsionou as vendas neste período.
Distribuição entre as regiões
A alta de 0,5% em setembro foi observada em 21 das 27 unidades da federação. Os maiores crescimentos ocorreram no Espírito Santo (3,8%), Amazonas (3,3%) e Piauí (3,0%). No entanto, cinco estados registraram queda, com Amapá (-3,9%), Tocantins (-3,9%) e Mato Grosso (-2,5%) sendo os que mais pressionaram o índice nacional para baixo. Minas Gerais, por sua vez, apresentou estabilidade.