A Americanas (AMER3) surpreendeu o mercado com o anúncio de um lucro líquido de R$ 10,3 bilhões no terceiro trimestre de 2024 (3T24), revertendo o prejuízo de R$ 1,6 bilhão registrado no mesmo período do ano passado. Esse é o primeiro balanço da empresa após sua capitalização e a quitação da maior parte das dívidas decorrentes da recuperação judicial. A reestruturação financeira que passou pela negociação com credores foi decisiva para a reviravolta nos resultados da companhia, marcando uma fase de recuperação após o escândalo contábil que abalou suas finanças.
Impacto da reestruturação no lucro
O lucro de R$ 10,3 bilhões foi impactado diretamente pela execução do Plano de Recuperação Judicial da Americanas. Um dos principais fatores para o bom desempenho foi o reconhecimento como receita financeira dos “haircuts” (descontos significativos) obtidos durante a renegociação das dívidas com credores. Além disso, a reversão de juros e atualizações monetárias previamente registradas como despesas contribuiu para a melhora substancial no resultado da companhia.
Camille Faria, CFO da Americanas, explicou que a novação da dívida foi crucial para este resultado. “Quando se nova a dívida, cristaliza-se o haircut. E esse haircut vem todo como ganho financeiro”, afirmou Faria. Outro ponto relevante foi o estorno das despesas financeiras da antiga dívida, o que também impactou positivamente os números da empresa.
Melhora no desempenho operacional
Embora os números financeiros tenham sido sólidos, o desempenho operacional da Americanas ainda enfrenta desafios. A receita líquida consolidada foi de R$ 3,2 bilhões, mantendo-se praticamente estável em comparação com o terceiro trimestre de 2023. No entanto, o Volume Bruto de Mercadorias (GMV) caiu 4%, totalizando R$ 4,7 bilhões. Essa queda foi mais pronunciada no setor digital, com uma redução de 45,5% no GMV.
Em contrapartida, as lojas físicas mostraram sinais de recuperação, registrando um crescimento de 11,2% no GMV. Esse desempenho no segmento físico agora representa 73% do GMV total da companhia, frente a 63% no mesmo período de 2023.
Reestruturação da dívida
Um dos maiores marcos da Americanas neste trimestre foi a drástica redução de sua dívida bruta. Em junho de 2024, o valor total da dívida era de R$ 45,2 bilhões. No final de setembro, esse número foi reduzido para apenas R$ 1,7 bilhão. A nova estrutura de capital da empresa é composta principalmente por R$ 1,6 bilhão em debêntures públicas e R$ 75 milhões em empréstimos não vinculados ao processo de recuperação judicial.
Essa reestruturação foi concluída com êxito, resultando em uma posição financeira mais estável. O patrimônio líquido, que estava negativo em R$ 30,4 bilhões em junho, agora apresenta um valor positivo de R$ 5,7 bilhões no final de setembro.
Expectativas para o futuro
O foco da Americanas agora é consolidar sua recuperação e expandir suas operações, tanto no setor físico quanto digital. Para o fim de ano, a companhia já iniciou contratações temporárias e, até o momento, não fechou lojas. A empresa planeja ampliar as oportunidades de negócios e superar os desafios que ainda permanecem após o processo de recuperação judicial.
Embora o lucro de R$ 10,3 bilhões no terceiro trimestre de 2024 das Lojas Americanas seja um reflexo positivo da reestruturação, será necessário acompanhar os próximos resultados para avaliar se esse desempenho é sustentável a longo prazo ou se é um efeito pontual da reorganização financeira.









