A Americanas (AMER3), em processo de recuperação judicial, teve um dia marcante na Bolsa brasileira nesta quinta-feira (14). As ações das Americanas dispararam após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2024 (3T24), com lucro líquido de R$ 10,3 bilhões. Esse avanço nas ações mostra os impactos do plano de recuperação judicial, que resultou em diversos ajustes financeiros.
Desempenho das Americanas no trimestre e crescimento das ações
No terceiro trimestre, a Americanas reverteu um prejuízo de R$ 1,63 bilhão registrado no mesmo período do ano passado, levando a uma alta de 180,06% nas ações ao longo do dia. Com fechamento a R$ 9,41, o varejista experimentou alta volatilidade e múltiplos leilões. Esse desempenho positivo, no entanto, se dá em um ano no qual as ações das Americanas ainda acumularam queda próxima de 90%, refletindo a extensa jornada de recuperação da empresa. Em agosto, houve reestruturação das ações, com agrupamento de 100 para 1.
Impacto dos ajustes financeiros
O resultado positivo da Americanas foi impulsionado por ajustes financeiros, como o reconhecimento de reduções (“haircuts”) de dívidas com credores, além de reversão de juros e correções monetárias. Esses fatores foram essenciais para reverter o patrimônio líquido ao campo positivo. Após uma capitalização de R$ 24,5 bilhões, o saldo subiu para R$ 6 bilhões, em comparação ao valor negativo de R$ 30 bilhões no segundo trimestre.
Além disso, o caixa líquido da companhia fechou o trimestre com R$ 482 milhões. A dívida bruta caiu de R$ 45 bilhões para R$ 2 bilhões, refletindo o esforço concentrado de reestruturação financeira.
Varejo físico: um segmento em expansão
As vendas no varejo físico da Americanas cresceram 14%, beneficiadas por estratégias regionais de precificação e melhor gestão de estoque. Entre os principais fatores de crescimento, destacam-se a regionalização de preços, negociações comerciais mais eficazes e a implantação de testes em novas lojas, o que levou ao fechamento de 21 unidades menos rentáveis. Essas ações evoluíram para um aumento de 2,6 pontos percentuais na margem bruta das Americanas, com um mix de produtos mais rentáveis.
E-commerce em desafio e perspectivas cautelosas
O setor de comércio eletrônico ainda enfrenta desafios, com uma queda de 49% no volume bruto de mercadorias (GMV). Esse recuo deve ser demandado por mais briga e intensa competição no ambiente digital. A XP Investimentos observa que, embora a Americanas busque uma precificação mais racional, o cenário econômico e a concorrência criaram cautela no setor.
Ações das Americanas: prioridades e expectativas para o quarto trimestre
Em conferência, a diretora financeira Camille Loyo Faria afirmou que o foco atual da Americanas é consolidar resultados consistentes para reverter a percepção do mercado. As prioridades incluem o aumento da rentabilidade por metro quadrado, melhorias nas estratégias de precificação e logística, além de uma otimização de estoques para controle mais específico dos itens recomendados.
Com a chegada do quarto trimestre, período historicamente forte para o varejo, espera-se que as Americanas consigam expandir sua margem bruta e consolidar os ajustes financeiros.
Informações de apoio Infomoney