A assinatura de um memorando de entendimento entre Brasil e Emirados Árabes Unidos, durante agenda bilateral no Rio de Janeiro, no último domingo (17), é mais do que um marco diplomático. É um passo audacioso para moldar o futuro econômico dos dois países. Este acordo, firmado entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Sheikh Khaled bin Mohamed bin Zayed Al Nahyan, visa direcionar recursos de fundos emiráticos para projetos estratégicos no Brasil.
Com um prazo de 60 dias para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apresente uma lista de iniciativas elegíveis, o acordo não é apenas promissor, mas estratégico. Ele consolida uma relação comercial já significativa, com trocas bilaterais que atingiram US$ 4,3 bilhões em 2023, e abre novos caminhos para o desenvolvimento econômico de ambos os países.
Setores estratégicos: energia, infraestrutura e inovação
Os setores prioritários desse acordo incluem energia, infraestrutura, comércio e finanças, áreas fundamentais para o progresso econômico sustentável. Esses investimentos não apenas modernizam a infraestrutura brasileira, mas também promovem inovação tecnológica e maior alinhamento com padrões globais de sustentabilidade.
A parceria busca, ainda, estreitar os laços entre empresas brasileiras e investidores dos Emirados, criando um ecossistema favorável para novos negócios. A expectativa é que o Brasil se torne um polo mais atrativo para investimentos, explorando ao máximo suas vantagens competitivas e posicionando-se como um dos principais destinos para fundos internacionais no Hemisfério Sul.
Investimento no agronegócio
Entre os setores que devem ser impulsionados, o agronegócio se destaca como uma força motriz. Estados como Mato Grosso, que já exportam carne bovina, milho e óleo de soja para os Emirados, têm a oportunidade de ampliar sua participação neste mercado. Essa expansão fortalecerá as cadeias produtivas regionais e poderá levar à diversificação dos produtos exportados.
Os Emirados Árabes, que enfrentam sérias limitações climáticas para a produção de alimentos, enxergam o Brasil como parceiro estratégico na segurança alimentar. Com o memorando, espera-se que os fluxos de exportação de grãos e carnes sejam incrementados, consolidando o Brasil como fornecedor de confiança.
Mercosul e a expansão comercial no Oriente Médio
Além do acordo bilateral, outro avanço significativo é a negociação de um tratado de livre comércio entre o Mercosul e os Emirados Árabes. Este tratado busca reduzir tarifas alfandegárias, harmonizar padrões técnicos e facilitar a movimentação de bens e serviços entre as duas regiões.
Nos primeiros seis meses de 2024, as exportações brasileiras para os Emirados cresceram 74%, um indicativo claro do potencial dessa parceria. A possibilidade de integrar ainda mais os mercados sul-americano e árabe pode trazer benefícios em larga escala, diversificando as relações econômicas brasileiras e consolidando a presença do Mercosul no Oriente Médio.
Por que o acordo é estratégico para o Brasil
O memorando firmado no G20 representa uma oportunidade ímpar para o Brasil consolidar sua posição no cenário econômico global. Mais do que atrair recursos, ele simboliza a capacidade do país de formar parcerias estratégicas com economias emergentes e avançadas.
Projetos de energia limpa, infraestrutura e Indústria 4.0 devem ser os principais beneficiários desses aportes financeiros. Além disso, a cooperação entre o BNDES e os fundos emiráticos pode abrir caminhos para o desenvolvimento tecnológico e a integração do Brasil em cadeias globais de valor.
O futuro da parceria Brasil – Emirados
Esse acordo sinaliza um futuro promissor para as relações bilaterais. Além de aumentar os fluxos comerciais, a parceria reforça a relevância do Brasil no Oriente Médio e fortalece sua posição como um dos principais players econômicos no Hemisfério Sul.
Com a ampliação de investimentos em setores estratégicos e as negociações em curso no Mercosul, o Brasil tem a chance de se destacar ainda mais como um parceiro confiável, diversificando suas alianças e reforçando sua presença no comércio global.