A inadimplência dos consumidores se manteve alta em novembro, com 29,4% das famílias reportando dívidas em atraso, o maior percentual desde outubro de 2023. O número de consumidores sem condições de pagar suas dívidas aumentou para 12,9%, em comparação com 12,6% em outubro e 12,5% em novembro de 2023.
Esses dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de novembro, realizada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A pesquisa, divulgada nesta quinta-feira (5), revelou mudanças nos tipos de crédito utilizados e no comportamento financeiro das famílias.
Por que aumentou a inadimplência dos consumidores?
De acordo com a Peic, o endividamento ou inadimplência dos consumidores cresceu para 77% em novembro, em comparação com 76,6% no mesmo mês de 2023. Esse aumento é atribuído ao maior uso de crédito para compras de fim de ano e a uma gestão mais cuidadosa do orçamento. O percentual de consumidores que se consideram muito endividados caiu para 15,2%, o menor desde novembro de 2021.
José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, ressaltou a importância de prazos mais longos para o planejamento financeiro, destacando que o aumento sazonal do crédito nesta época do ano reflete um perfil mais equilibrado nas dívidas.
Tendência de queda nos próximos meses
A CNC projeta que o a inadimplência dos consumidores continuará a crescer em dezembro devido às compras de Natal, mas a inadimplência deve permanecer estável, refletindo o comportamento cauteloso das famílias diante dos juros altos. O economista-chefe da CNC, Fábio Bentes, destaca que a recuperação do consumo depende de uma gestão responsável do crédito, com as famílias buscando equilibrar as contas mesmo em um cenário econômico desafiador.
A inadimplência dos consumidores aumentou principalmente entre as famílias de menor renda (até 3 salários mínimos), que alcançaram 81,1%, o maior índice. Mas essas famílias também apresentaram o maior nível de inadimplência, com 37,5% com dívidas em atraso e 18,5% sem condições de pagar. Já as famílias com renda acima de 10 salários mínimos reduziram o endividamento para 66,7% e a inadimplência foi menor.
A pesquisa mostrou também um recuo no comprometimento da renda, que foi de 29,8% em novembro, uma leve queda em relação a outubro. O percentual de consumidores com mais da metade da renda comprometida caiu para 20,3%, o menor desde agosto de 2024. Além disso, 35,9% das famílias endividadas conseguiram prazos mais longos para quitar suas dívidas.
O cartão de crédito continua sendo a principal dívida e inadimplência dos consumidores, mas o crédito pessoal ganhou destaque, com aumento de 2,5 pontos percentuais. Carnês perderam participação em relação ao ano anterior.