O preço do café no Brasil atingiu níveis recordes em 2024 e promete se manter elevado até 2026, de acordo com análises de especialistas do setor.
Produção prejudicada pelo clima
A seca prolongada e as altas temperaturas foram os principais responsáveis pela redução da produtividade nas lavouras, principalmente nas regiões produtoras de Minas Gerais e São Paulo. Essas condições extremas causaram a perda de folhas e frutos, forçando os cafeicultores a adotar práticas como a poda drástica, conhecida como “esqueletamento”, para tentar garantir safras futuras mais cheias.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de 2024 atingiu 54,8 milhões de sacas, uma redução de 0,5% em relação ao ano anterior. Para 2025, o cenário dependerá de chuvas nos primeiros meses do ano, essenciais para a recuperação das lavouras.
Demanda crescente e novos mercados
Enquanto a produção sofre com desafios climáticos, a demanda pelo café continua em alta. A bebida, a segunda mais consumida no mundo após a água, mantém sua popularidade tanto no Brasil quanto no exterior. O consumo interno cresceu 0,78% entre janeiro e outubro de 2024, mesmo com o aumento dos preços.
Internacionalmente, o Brasil tem expandido seu mercado, especialmente para a Ásia, com destaque para a China, que registra crescimento anual de 17% nas importações. A oferta interna, porém, é impactada pelo aumento das exportações, o que contribui para a elevação dos preços domésticos.
Fatores econômicos e logísticos para o preço do café no Brasil
Além das condições climáticas, questões logísticas e geopolíticas também têm afetado o mercado de café. O aumento nos custos de transporte internacional, agravado pelos conflitos no Oriente Médio, tem encarecido o embarque do grão brasileiro. No mercado interno, a infraestrutura portuária limitada dificulta o escoamento da produção.
Perspectivas para o preço do café no Brasil
Especialistas apontam que os preços continuarão altos até 2026, com possibilidade de melhora apenas se as condições climáticas de 2025 forem favoráveis. Até lá, o café arábica, mais sensível ao clima, deverá sofrer maior impacto em relação ao conilon, que tem maior resistência.