O dólar fechou com leve baixa em relação ao real na última sessão do ano, cotado a R$ 6,179. Apesar do recuo diário de 0,22%, a moeda norte-americana acumulou alta anual de 27,36%. Essa valorização reflete um cenário de instabilidade fiscal no Brasil e um ambiente econômico externo favorável ao dólar.
A queda registrada na última segunda-feira foi impulsionada por um leilão realizado pelo Banco Central, que ofertou US$ 1,815 bilhão no mercado à vista. A intervenção reduziu a cotação para abaixo de R$ 6,20 no início da tarde, mas não alterou o panorama geral de valorização da moeda ao longo de 2024.
Oscilações no câmbio marcam o último pregão do ano
No decorrer da sessão, o dólar oscilou entre perdas e ganhos, atingindo a máxima de R$ 6,242 e a mínima de R$ 6,152. A volatilidade foi acentuada pela disputa pela taxa Ptax de fim de mês, importante para ajustes financeiros e contratos no mercado.
Intervenções do Banco Central ao longo de dezembro somaram mais de US$ 32 bilhões, mas os efeitos sobre a cotação foram limitados. A trajetória de alta do dólar reforça tanto a pressão fiscal no Brasil quanto a resiliência da moeda norte-americana no mercado global.
Fatores internos pressionam o real
Internamente, o cenário fiscal brasileiro seguiu como um dos principais motivos para a fraqueza do real em 2024. O governo anunciou medidas de controle de gastos e reformas, mas o impacto limitado dessas ações alimentou incertezas no mercado financeiro.
A preocupação com o aumento da dívida pública e o descompasso com metas inflacionárias também pesaram no desempenho da moeda brasileira. Em novembro, o dólar ultrapassou a marca de R$ 6,00 pela primeira vez, encerrando o ano próximo aos seus níveis mais altos já registrados.
Dólar reflete cenário global favorável
No exterior, a valorização do dólar foi sustentada por fatores como a política monetária dos Estados Unidos, marcada pela expectativa de juros elevados para controlar a inflação. A vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas também trouxe perspectivas de estímulos econômicos, favorecendo a moeda.
Além disso, tensões geopolíticas, como os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio, aumentaram a busca por ativos considerados seguros, como o dólar. No índice que mede a força da moeda em relação a outras moedas globais, o dólar atingiu um dos níveis mais altos dos últimos dois anos.
Dólar fecha o ano com recordes
- Dólar comercial: Compra: R$ 6,179; Venda: R$ 6,180
- Dólar turismo: Compra: R$ 6,247; Venda: R$ 6,427
2024 termina com o real entre as moedas que mais se desvalorizaram frente ao dólar, em um ano marcado por desafios internos e pressões externas. Para 2025, as perspectivas continuam incertas, com fatores domésticos e internacionais influenciando o comportamento do câmbio.