Os brasileiros deportados dos Estados Unidos nos últimos anos apresentam um perfil distinto dos demais imigrantes removidos pelo governo americano. Dados oficiais mostram que, sob a administração de Joe Biden, as autoridades americanas deportaram brasileiros com diferentes perfis. Entre eles, 10% já haviam sido condenados por crimes, enquanto 8% respondiam a acusações sem julgamento. A maioria entrou na categoria de “outro violador da imigração”, que inclui aqueles cujas acusações foram posteriormente rejeitadas.
O percentual difere do de outros imigrantes que os Estados Unidos deportaram. Entre eles, 36% tinham condenações criminais, 8% enfrentavam acusações e 56% se enquadravam na categoria de “violadores da imigração”. O governo ainda não divulgou os números das deportações sob a gestão de Donald Trump.
Aumento nas deportações de brasileiros
Durante o governo de Joe Biden, pelo menos 6.970 brasileiros foram deportados dos Estados Unidos, o que representa uma média de 36 pessoas por semana. No ranking de países com mais cidadãos removidos do território americano, o Brasil ocupou a décima posição, enquanto o México liderou a lista com 191,4 mil deportados, seguido por Guatemala (96,3 mil) e Honduras (77,3 mil).
Os dados também revelam que, entre os mexicanos deportados, 62% possuíam condenações criminais. Já na Guatemala e Honduras, esse percentual foi de 18% e 25%, respectivamente. No caso de outros países sul-americanos incluídos no ranking, como Colômbia, Equador e Peru, menos de 10% dos deportados tinham condenações.
O ritmo das deportações aumentou em 2023, com um crescimento geral de 73% em relação ao ano anterior. Entre os brasileiros, a alta foi de 35%, atingindo 1.538 expulsões no período.
Voos com deportados e reação do governo brasileiro
Na última sexta-feira, um avião americano transportando 158 pessoas, incluindo 88 brasileiros, pousou em Manaus com deportados dos EUA. Relatos indicam que eles estavam algemados, com correntes nos pés e mãos. O Ministério das Relações Exteriores (MRE) criticou a ação, afirmando que os Estados Unidos violaram o acordo de repatriação firmado com o Brasil, que prevê um tratamento digno aos deportados.
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Essa não foi a primeira vez que as autoridades americanas enviaram brasileiros de volta ao país nessas condições. Relatos semelhantes ocorreram tanto no governo de Joe Biden quanto no primeiro mandato de Donald Trump (2017-2021). A situação gerou uma resposta imediata do governo brasileiro, que mobilizou uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar os deportados de Manaus a Belo Horizonte sem o uso de algemas.
Repercussão internacional sobre deportações
A política de deportação dos Estados Unidos também provocou reações em outros países. Colômbia e México recusaram-se a receber aviões fretados pelo governo americano com seus cidadãos deportados. A decisão colombiana resultou em retaliação por parte de Donald Trump, que anunciou restrições à emissão de vistos para colombianos e aumento de tarifas sobre produtos do país.
Diante do crescimento das expulsões, a presidente de Honduras e atual líder da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), Xiomara Castro, convocou uma reunião de emergência para debater o tema. A Celac notificou o Brasil sobre o encontro, que deve ocorrer na próxima quinta-feira (30) e reunirá líderes da região para discutir a política migratória americana.
A intensificação das deportações e as dificuldades enfrentadas pelos deportados brasileiros levantam o debate sobre os desafios da imigração irregular e as respostas governamentais para essas expulsões.
