O Itaú Unibanco (ITUB4) entrou com uma ação de responsabilidade contra o ex-diretor financeiro Alexsandro Broedel e o professor de contabilidade Eliseu Martins, solicitando o reembolso de R$ 3,35 milhões. A instituição alega que Alexandre Broedel teria recebido indevidamente parte dos valores pagos ao professor por serviços de consultoria entre 2019 e 2024.
A ação movida pelo banco aponta um possível conflito de interesse, já que o ex-diretor financeiro, Alexsandro Broedel, aprovou pessoalmente os pagamentos sem informar que era sócio de Eliseu Martins desde 2012. O Itaú sustenta que esses repasses não foram devidamente declarados e que o Alexsandro Broedel teria se beneficiado de forma indireta.
Vídeo do ex-executivo apresentando o balanço financeiro no 1º trimestre de 2024.
Vídeo do canal Itaú Unibanco no YouTube.
Fluxo financeiro do Itaú Unibanco sob suspeita
Os advogados do Itaú Unibanco afirmam que Broedel recebeu aproximadamente 40% do valor pago a Martins. Segundo a ação, o dinheiro seguiu um caminho indireto: primeiro, empresas administradas pelos filhos de Martins receberam os valores, e, em seguida, repassaram os montantes à Broedel Consultores, empresa de consultoria do ex-diretor e do professor.
Os advogados do banco afirmam que essa estrutura comprova a intenção de ocultar os repasses. Além disso, o Itaú alega que Alexsandro Broedel e Eliseu Martins não apresentaram explicações convincentes quando questionados sobre as transferências.
“A legitimidade e legalidade das condutas dos réus jamais foram demonstradas”, argumenta a defesa do Itaú no processo.
Descoberta após auditoria interna
As supostas irregularidades foram identificadas após uma revisão dos controles internos, realizada depois que Broedel deixou o banco em meados de 2023. O executivo saiu do Itaú para assumir um cargo no Grupo Santander, na Espanha, mas ainda não tomou posse devido ao período de transição.
O Itaú Unibanco detectou as transações suspeitas e, por isso, interrompeu o garden leave, período que impede ex-executivos de atuar em concorrentes.
Relação com Eliseu Martins e situação financeira
Além do vínculo profissional, a ação menciona que Eliseu Martins fazia empréstimos frequentes ao ex-diretor financeiro, reforçando a suspeita de conflito de interesse.
Outro ponto levantado pelo Itaú diz respeito à situação financeira do ex-diretor, que, segundo a defesa do banco, era incompatível com sua posição. O processo cita ações judiciais movidas pelos bancos Bradesco e Safra, em que Alexsandro Broedel admitiu dificuldades para quitar dívidas e optou pelo parcelamento dos valores.
A empresa Broedel Consultores também foi alvo de uma ação da Prefeitura de São Paulo por débitos fiscais. A Justiça suspendeu o processo temporariamente após um pedido de parcelamento, mas o retomou devido ao não pagamento das parcelas.
O que diz Alexsandro Broedel sobre as acusações do Itaú Unibanco?
Por meio de nota enviada por sua assessoria ao Infomoney, Alexsandro Broedel negou as acusações e criticou a postura do Itaú Unibanco.
“Causa profunda estranheza que o Itaú levante a suspeita sobre supostas condutas impróprias somente depois de Broedel ter apresentado a renúncia aos seus cargos no banco para assumir uma posição global em um dos seus principais concorrentes”, declarou.
O Itaú sustenta que o ex-diretor financeiro aprovou pagamentos à empresa de Eliseu Martins sem declarar sua relação societária. O ex-executivo não comentou as demais alegações feitas pelos advogados do banco.
“Alexsandro Broedel sempre se conduziu de forma ética e transparente em todas as atividades ao longo dos seus 12 anos no banco – algo nunca contestado pelo Itaú, que tem uma rigorosa e abrangente estrutura de controle e compliance, própria de um grupo financeiro com seu porte e importância na economia brasileira”, afirmou a assessoria.
- Vídeo de repercussão na época em que Alexsandro Broedel pediu para sair do Itaú Unibanco.
Vídeo do canal CNN Brasil Economia no YouTube.
Caso segue na Justiça
O Itaú Unibanco mantém sua posição de que os repasses realizados ao ex-executivo caracterizam apropriação indevida de recursos e violação das normas internas do banco. O caso agora será analisado pelo Judiciário.








