O dólar à vista voltou a cair em relação ao real nesta terça-feira (4), acumulando 12 sessões consecutivas de desvalorização. Esse é o maior período de quedas da moeda norte-americana desde a implantação do Plano Real, em 1994.
A divisa encerrou o dia cotada a R$ 5,7724, com queda de 1,75%. Durante o pregão, a moeda chegou a tocar R$ 5,7573, menor valor desde novembro do ano passado. No acumulado recente, o dólar já perdeu 6,60% de seu valor frente ao real.
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O que influenciou a queda do dólar hoje?
O principal fator doméstico que afetou o câmbio foi a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O documento reforçou a preocupação com a inflação e indicou que novas altas na taxa Selic podem ocorrer. Atualmente em 13,25%, o mercado já projeta a Selic chegando a 16% até o fim de 2025.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também comentou o impacto da desvalorização da moeda no controle inflacionário. “O dólar estava em R$ 6,10 e agora está em R$ 5,80, isso ajuda muito”, afirmou. Segundo ele, a combinação de ações do Banco Central do Brasil e do Ministério da Fazenda tem colaborado para a estabilização da economia.
Fatores externos pressionam o dólar
O ambiente internacional também teve papel importante na queda do dólar. A recente escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China trouxe incertezas ao mercado. Após os EUA imporem tarifas de 10% sobre produtos chineses, a China respondeu com taxas de até 15% sobre energia e produtos agrícolas norte-americanos. As novas tarifas estão previstas para entrar em vigor no dia 10 de fevereiro.
Além disso, os dados econômicos dos Estados Unidos mostraram sinais de enfraquecimento. O relatório Jolts apontou uma queda nas vagas de emprego abertas em dezembro, abaixo das expectativas. Com isso, aumentaram as apostas de que o Federal Reserve possa cortar os juros em 50 pontos-base até o final de 2025.
Agora, o mercado aguarda o relatório ADP sobre o emprego no setor privado e o payroll de janeiro, que será divulgado na sexta-feira (7). Esses dados são considerados importantes para definir os próximos passos da política monetária americana.
Movimento acompanha tendência internacional
A desvalorização do dólar no Brasil também reflete o movimento global. O índice DXY, que mede a força do dólar em relação a seis moedas importantes, registrava queda de 1,03%, aos 107.963 pontos.
A combinação de fatores internos, como a política de juros do Banco Central do Brasil, e externos, incluindo as tensões comerciais e os dados fracos da economia americana, continuará influenciando o comportamento da moeda nos próximos dias.