O comércio entre Brasil e Estados Unidos passa por uma nova fase com as tarifas decretadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump. A medida visa aplicar tarifas recíprocas a países que impõem dificuldades à importação de produtos dos EUA, afetando diretamente etanol, aço e alumínio brasileiros. Abaixo, listamos para você os principais produtos que o Brasil exporta e importa para os Estados Unidos e os valores das tarifas.
O memorando assinado por Donald Trump nesta quinta-feira (13) reforça sua promessa de corrigir desequilíbrios comerciais, especialmente com países onde os EUA registram déficit na balança comercial. Embora não estabeleça tarifas específicas para cada país, a orientação é clara: quem tributar produtos americanos será tributado de volta.
Mas como isso afeta o comércio Brasil-EUA e quais as tarifas? Para entender melhor, veja os 10 produtos mais exportados e importados entre os dois países e as novas regras tarifárias que podem mudar essa relação.
Vídeo do canal CNN Brasil no YouTube.
Quais são os principais produtos que o Brasil exporta para os Estados Unidos e as tarifas?
Apesar das novas barreiras comerciais, os óleos brutos de petróleo seguem liderando a pauta de exportações brasileiras para os EUA. O produto movimentou US$ 5,8 bilhões em 2024 e continua sem tarifas. Outros itens, como café e aço, enfrentam altas taxas de importação.
Confira a lista completa:
- Óleos brutos de petróleo – US$ 5,8 bilhões | 0% de tarifa
- Semimanufaturados de ferro ou aço – US$ 2,7 bilhões | 7,2% de tarifa
- Café não torrado em grão – US$ 1,9 bilhão | 9% de tarifa
- Pastas químicas de madeira – US$ 1,5 bilhão | 3,6% de tarifa
- Ferro fundido bruto – US$ 1,4 bilhão | 3,6% de tarifa
- Aeronaves acima de 15.000 kg – US$ 1,4 bilhão | 0% de tarifa
- Gasolina (exceto aviação) – US$ 997 milhões | 0% de tarifa
- Aeronaves a turbojato entre 7.000 kg e 15.000 kg – US$ 955,6 milhões | 0% de tarifa
- Carne bovina congelada – US$ 885 milhões | 10,8% de tarifa
- Produtos semimanufaturados de ligas de aço – US$ 738 milhões | 7,2% de tarifa
O etanol brasileiro, que movimentou mais de US$ 200 milhões, agora pode sofrer tarifas mais altas nos EUA. Isso ocorre porque o Brasil cobra 18% de imposto sobre o etanol americano, enquanto os EUA tributam apenas 2,5%. Donald Trump defende que esse tipo de diferença seja eliminada.
O que o Brasil mais importa dos Estados Unidos e qual a porcentagem das tarifas?
Assim como os brasileiros vendem bilhões aos EUA, os norte-americanos também têm um mercado de exportação para o Brasil. A lista é dominada por partes de turborreatores para aviões, gás natural liquefeito e óleo diesel, que entram no Brasil sem tarifas.
No entanto, produtos plásticos como copolímeros de etileno e polietilenos enfrentam tarifas de 20%, um dos principais pontos de atrito na relação comercial entre os dois países.
Veja os produtos mais importados pelo Brasil dos Estados Unidos:
- Partes de turborreatores – US$ 3,2 bilhões | 0% de tarifa
- Turborreatores de empuxo superior a 25 kN – US$ 2,9 bilhões | 0% de tarifa
- Gás natural liquefeito – US$ 1,6 bilhão | 0% de tarifa
- Óleos brutos de petróleo – US$ 1,45 bilhão | 0% de tarifa
- Óleo diesel – US$ 1,43 bilhão | 0% de tarifa
- Naftas petroquímicas – US$ 1,43 bilhão | 0% de tarifa
- Hulha betuminosa – US$ 1,39 bilhão | 0% de tarifa
- Copolímeros de etileno – US$ 579 milhões | 20% de tarifa
- Óleos lubrificantes sem aditivos – US$ 571 milhões | 0% de tarifa
- Polietilenos sem carga – US$ 500 milhões | 20% de tarifa
Ponto de atenção: As tarifas de 20% sobre os produtos plásticos americanos são um dos alvos do “Plano Justo e Recíproco” de Donald Trump, que pressiona por isenção ou redução desses tributos.
O que esperar das tarifas de Donald Trump?
A política protecionista do presidente norte-americano ainda não tem data para entrar em vigor, mas já gera tensões. As tarifas afeta não apenas o Brasil, mas outros países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Durante seu discurso, o presidente dos EUA ameaçou impor tarifas de 100% sobre países do bloco que tentem reduzir o uso do dólar no comércio internacional. O Brasil, sob a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no BRICS, apoia discussões sobre moedas locais nas transações comerciais, o que pode gerar novas retaliações comerciais e tarifas por parte dos Estados Unidos.
A União Europeia também enfrenta desafios semelhantes. O governo americano cita que, enquanto os EUA permitem a importação de mariscos europeus, a UE proíbe produtos de 48 estados americanos. Além disso, a Europa cobra 10% de imposto sobre carros importados, enquanto os EUA aplicam apenas 2,5% sobre veículos europeus.
O Brasil deve responder às tarifas dos Estados Unidos?
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu o tom sobre o tema nesta sexta-feira (14), afirmando que ainda não conversou com Donald Trump e que os países têm 200 anos de relações diplomáticas, sendo os Estados Unidos um parceiro importante para o Brasil.
Em entrevista à Rádio Clube do Pará, Lula ressaltou que, enquanto houver uma relação harmônica entre os dois países, não há problema. Mas caso os Estados Unidos apliquem tarifas no aço brasileiro, o Brasil tomará medidas de retaliação.
“Enquanto os Estados Unidos estiverem em uma relação harmônica com o Brasil, está tudo bem. Agora, eu ouvir falar que vai taxar o aço brasileiro… Nós vamos reagir comercialmente, ou vamos denunciar na Organização Mundial do Comércio, ou vamos taxar os produtos que a gente importa deles.” disse o presidente do Brasil.
O presidente brasileiro reforçou que não quer atritos com os Estados Unidos, mas deixou claro que o Brasil não aceitará medidas comerciais unilaterais sem resposta.
“Nós queremos paz, não queremos guerra e atrito com ninguém. O Brasil não tem contenção com nenhum país,” finalizou Lula.