A Vale (VALE3) encerrou o quarto trimestre de 2024 com prejuízo líquido de US$ 694 milhões, conforme divulgado na quarta-feira (19). O desempenho mostra impactos contábeis, como baixas de ativos e efeitos cambiais, que reduziram os ganhos da mineradora. No mesmo período do ano anterior, a empresa havia registrado um lucro de US$ 2,418 bilhões.
O prejuízo da Vale decorre, principalmente, da redução ao valor recuperável de US$ 1,4 bilhão das operações de níquel de Thompson e de um impacto adicional de US$ 540 milhões relacionado ao projeto de Extensão da Mina de Voisey’s Bay. Essas revisões ocorreram após uma análise detalhada dos ativos da Vale Base Metals (VBM), unidade focada em metais industriais.
A receita líquida de vendas caiu 22% na comparação anual, somando US$ 10,124 bilhões no trimestre. Já o Ebitda ajustado, que mede o desempenho operacional da empresa, recuou 41% e fechou o período em US$ 3,79 bilhões.
Quais eram as expectativas para o trimestre?
O mercado projetava um resultado mais positivo para a mineradora. Segundo levantamento da LSEG, analistas esperavam um lucro líquido de US$ 1,947 bilhão no 4T24, além de uma receita líquida de US$ 10,106 bilhões. O consenso do mercado também indicava um Ebitda ajustado de US$ 3,955 bilhões, superior ao registrado pela Vale.
Mesmo com o prejuízo, a Vale destacou seu desempenho operacional ao longo de 2024.
“Tivemos um ano marcado pela maior produção de minério de ferro desde 2018 e um recorde de produção de cobre em Salobo. Além disso, avançamos na segurança de barragens, eliminando quatro estruturas e caminhando para remover a última barragem em nível 3 de emergência ainda este ano”, afirmou Gustavo Pimenta, CEO da Vale.
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Prejuízo da Vale no 4T24 contrasta com lucro do 3º trimestre
Antes do prejuízo reportado no 4º trimestre, a Vale havia encerrado o 3º trimestre de 2024 com um lucro líquido de US$ 2,4 bilhões, superando a projeção de mercado, que indicava US$ 1,68 bilhão, de acordo com o consenso da LSEG. Na época, o valor representou uma queda de 15% em relação ao mesmo período de 2023.
A receita líquida no 3T24 atingiu US$ 9,55 bilhões, uma redução de 10% na comparação anual. Apesar da queda, o número superou as expectativas dos analistas, que previam US$ 9,43 bilhões. O Ebitda ajustado da mineradora ficou em US$ 3,615 bilhões, alinhado com o consenso de US$ 3,61 bilhões. O indicador teve uma retração de 18% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, mas demonstrou estabilidade nas operações da companhia.
Impacto da desvalorização do real e provisões contábeis
A empresa também apresentou um lucro líquido “proforma” de US$ 872 milhões no 4º trimestre, considerando arrendamentos, o que representa uma queda de 64% em relação a 2023. O Ebitda ajustado “proforma” ficou em US$ 4,119 bilhões, com recuo de 40% na mesma base de comparação.
Outro fator que pressionou os resultados foi a desvalorização do real, que impactou a marcação a mercado de swaps de obrigações. Esse efeito foi parcialmente compensado pelo aumento da contribuição de coligadas e joint ventures (JVs). Além disso, a provisão referente ao rompimento da barragem de Samarco continuou afetando os números da empresa.
O fluxo de caixa recorrente da Vale fechou o 4T24 em US$ 817 milhões, uma queda de US$ 2,251 bilhões em relação ao mesmo período de 2023. O principal motivo foi o menor Ebitda proforma, embora uma maior coleta de caixa das vendas realizadas no terceiro trimestre tenha ajudado a minimizar as perdas.
Prejuízo da Vale no 4T24: Dívida cresce, mas segue dentro da meta da companhia
A dívida bruta da Vale alcançou US$ 15,5 bilhões ao final de 2024, com um aumento de US$ 1,3 bilhão no trimestre. Segundo a empresa, a alta ocorreu devido ao efeito líquido de US$ 1,5 bilhão de fundos levantados e pagamentos de dívidas.
Já a dívida líquida expandida permaneceu relativamente estável, em US$ 16,5 bilhões, dentro da meta estipulada pela companhia, que varia entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões.
Menos investimentos e revisão no capex para 2025
A mineradora revisou suas projeções de investimentos para 2025, reduzindo o capital total de US$ 6,5 bilhões para US$ 5,9 bilhões, um corte de US$ 600 milhões.
A principal redução ocorreu nos investimentos para crescimento, que passaram de uma faixa entre US$ 2,0 bilhões e US$ 2,5 bilhões para US$ 1,6 bilhão. Já os investimentos em manutenção ficaram em US$ 4,3 bilhões, pouco abaixo da projeção inicial, que variava entre US$ 4,0 bilhões e US$ 4,5 bilhões.
Na divisão por segmento, os investimentos em soluções de minério de ferro foram estimados em US$ 3,9 bilhões, enquanto os destinados a metais para transição energética caíram para US$ 2 bilhões, ante a previsão inicial de até US$ 3 bilhões.
Mesmo diante de um trimestre desafiador, a Vale mantém suas projeções estratégicas para 2025, focando na produção de minério de ferro e em ajustes operacionais para mitigar impactos financeiros.