As ações da Petrobras despencaram após a divulgação dos resultados financeiros do quarto trimestre de 2024 (4T24), acompanhados de um anúncio de dividendos abaixo das projeções do mercado. Com isso, a estatal viu seu valor de mercado encolher em R$ 24,5 bilhões em um único pregão.
Queda das ações da Petrobras e reação negativa do mercado
As ações ordinárias da Petrobras (PETR3) caíram 5,56%, cotadas a R$ 39,24, enquanto as preferenciais (PETR4) registraram baixa de 3,53%, a R$ 36,61. No exterior, os ADRs (recibos de ações negociados em Nova York) também sentiram o impacto. No pré-mercado, os ativos PBR recuavam 4,40%, enquanto os PBR-A tinham queda de 3,82%.
O principal fator por trás da reação negativa das ações foi o prejuízo de R$ 17 bilhões no trimestre, revertendo o lucro de R$ 31 bilhões no mesmo período de 2023. O impacto contábil do câmbio pesou no balanço, frustrando investidores que esperavam um desempenho mais estável.
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Dividendos abaixo das projeções do mercado
Além dos números financeiros, a decisão sobre os dividendos gerou insatisfação entre os acionistas. O Conselho da Petrobras aprovou um pagamento de R$ 9,1 bilhões, a ser ratificado em Assembleia Geral Ordinária. No total, a remuneração relativa ao ano de 2024 deve somar R$ 75,8 bilhões, incluindo proventos já antecipados.
Mesmo assim, o valor ficou abaixo das expectativas. A XP apontou em relatório que o mercado projetava uma distribuição entre US$ 2,5 bilhões e US$ 3 bilhões, enquanto a estatal anunciou US$ 1,6 bilhão.
Aumento dos investimentos impacta proventos
Além das ações da Petrobras, outro ponto de preocupação foi o aumento dos investimentos da companhia. O capex (despesas de capital) superou as projeções em US$ 2,1 bilhões, um crescimento de 15% acima do planejado. Esse desembolso maior comprometeu parte da distribuição de dividendos.
A Petrobras explicou que esse aumento foi motivado principalmente por dois fatores:
- O início antecipado da produção do FPSO Almirante Tamandaré (Búzios 7);
- Pagamentos antecipados a fornecedores para evitar atrasos nas próximas plataformas P-78 (Búzios 6) e P-79 (Búzios 9).
O que esperar das ações da Petrobras para os próximos meses?
Segundo análise do Itaú BBA, os investimentos antecipados elevaram os gastos sem garantir um retorno imediato em produção. O cronograma das novas plataformas segue ajustado, com riscos de atraso para algumas operações.
Já especialistas do Morgan Stanley e do próprio Itaú BBA apontam que o fluxo financeiro da Petrobras deve melhorar em 2025, já que boa parte dos pagamentos foi adiantada. Caso esse cenário se concretize, pode haver espaço para dividendos extraordinários no futuro.
Por fim, o mercado segue atento às decisões da Petrobras para entender se a empresa conseguirá equilibrar investimentos e retorno aos acionistas nos próximos trimestres.