O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que há um risco de crédito “significativamente maior” associado às pessoas que apostam em apostas esportivas. Esse comportamento tem refletido diretamente no aumento do endividamento da população, comprometendo o score de crédito de muitos brasileiros.
A fala ocorreu durante evento promovido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em São Paulo, nesta terça-feira (2). Galípolo chamou atenção para os impactos financeiros que o comportamento dos apostadores pode gerar na economia e no sistema bancário, citando o aumento da inadimplência entre aqueles que mantêm apostas regulares.
Segundo ele, há uma “interconexão crescente entre a digitalização dos serviços financeiros, o processo de bancarização digital e o aumento das apostas”. Essa combinação afeta diretamente o perfil de risco de milhões de brasileiros, influenciando tanto a análise de crédito pelas instituições quanto a estabilidade do sistema.
Veja no vídeo abaixo uma análise sobre as Bets e o risco de crédito:
Apostas esportivas e comportamento financeiro: um ciclo de risco de crédito
Galípolo também destacou que a crescente demanda por crédito pessoal por parte dos apostadores está correlacionada ao uso de recursos para tentar cobrir perdas sucessivas. Em muitos casos, essas dívidas são assumidas sob condições de juros abusivos, o que agrava o problema.
Esse fenômeno revela uma tendência preocupante na psicologia do consumo: a ilusão de controle sobre os resultados das apostas, que leva à recorrência compulsiva e ao ciclo de endividamento. Com isso, cresce a importância de estratégias para prevenção à inadimplência, tanto no setor bancário quanto em políticas públicas de educação financeira.
Para o diretor do BC, há também o risco de ampliação do risco sistêmico, caso o fenômeno se torne mais disseminado e atinja camadas maiores da sociedade. “Precisamos entender os efeitos desse tipo de comportamento financeiro não só como uma questão individual, mas como algo que pode impactar o sistema de crédito como um todo”, disse.