O Itaú ajustou sua projeção para a Selic em 14,75% até o fim de 2025, afastando a hipótese de uma nova elevação dos juros neste ano. A avaliação foi divulgada nesta sexta-feira (16), em relatório assinado pelo economista-chefe Mario Mesquita. Segundo o banco, o cenário mudou após sinais do Banco Central do Brasil de que a política monetária atual já é suficientemente restritiva.
A nova estimativa representa uma revisão da projeção anterior, que indicava a taxa básica de juros em 15,25% ao final de 2025. Agora, o Itaú acredita que a autoridade monetária optará por manter os juros em nível elevado por mais tempo, como forma de segurar as expectativas de inflação.
Itaú avalia: Banco Central está confortável com a Selic atual?
O relatório aponta que o tom das últimas comunicações do Comitê de Política Monetária (Copom) sugere um entendimento mais firme de que a taxa atual já é eficiente para conter pressões inflacionárias. O Itaú observa também que a desaceleração da atividade econômica começa a aparecer, o que reduz a necessidade de novos apertos.
Na leitura do Itaú, as condições atuais e os riscos equilibrados indicam que mudanças na Selic em breve são improváveis. A manutenção da taxa reflete uma escolha por cautela, diante de um ambiente externo instável e de uma economia doméstica ainda resiliente.
Inflação segue sob controle, mas há alertas
As projeções do Itaú para o IPCA seguem em 5,5% em 2025 e 4,4% em 2026. O cenário considera equilíbrio entre fatores positivos e negativos. Por um lado, a possível desaceleração do comércio global e a queda de commodities metálicas podem ajudar a conter os preços. Por outro, a escassez de chuvas pode pressionar tarifas de energia no fim do ano.
Economia deve perder ritmo no segundo semestre
Além da previsão da Selic e do IPCA, o Itaú manteve sua estimativa de crescimento de 2,2% para o PIB de 2025 e 1,5% para 2026. O setor agropecuário e o consumo das famílias impulsionaram o forte desempenho do início de 2025, mas o ritmo deve enfraquecer nos próximos meses.
A expectativa é de que os sinais de desaquecimento fiquem mais evidentes a partir do segundo semestre, com impacto no crédito e na atividade industrial.
Previsão do Itaú: quando a Selic deve cair?
Mesmo com sinais de desaceleração, o Itaú não vê espaço para cortes em 2025. A expectativa de flexibilização foi adiada para 2026, quando a Selic pode cair para 12,75%, um ponto percentual abaixo da estimativa anterior.
Para os agentes econômicos, o recado é de que a política de juros altos continua sendo o principal instrumento do Banco Central do Brasil para manter a inflação sob controle. Com isso, empresas e consumidores devem se preparar para um ambiente de crédito mais restrito por mais tempo.