A prévia do PIB divulgada pelo Banco Central nesta segunda-feira (19) mostra que a economia brasileira segue aquecida. O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado um termômetro do Produto Interno Bruto, subiu 0,8% em março, com avanço de 1,3% no primeiro trimestre de 2025. Esses resultados superam as expectativas do mercado e fortalecem o argumento de manutenção da taxa Selic em níveis elevados nos próximos meses.
O bom desempenho foi puxado principalmente pela agricultura, com destaque para a safra recorde de soja. Também houve crescimento nos setores de serviços, indústria e arrecadação de impostos. Para analistas, o ritmo atual da atividade econômica justifica a cautela do Banco Central em flexibilizar a política monetária.
Prévia do PIB mostra crescimento acima do esperado
A prévia do PIB superou a mediana das expectativas, que era de 0,4%. Segundo a XP Investimentos, o crescimento trimestral de 1,3% representa um ritmo mais forte do que o estimado por diversas instituições financeiras. A produção agrícola teve papel central nesse avanço, com alta de 6,1% no trimestre e 19,8% no comparativo anual.
Dados da Conab estimam que a safra 2024/2025 chegará a 330 milhões de toneladas, com aumento de 14% na produção de soja. Esse resultado sustenta a alta na atividade agropecuária e, por consequência, no IBC-Br.
Além disso, houve contribuição positiva da indústria, que cresceu 1,6% no trimestre, e dos serviços, com alta de 0,7%. A demanda por insumos e bens industriais também foi impulsionada por empresas que anteciparam compras diante da expectativa de tarifas de importação mais altas.
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Economia aquecida pode adiar corte da Selic, diz mercado
A prévia do PIB reforça a percepção de que a economia ainda resiste aos efeitos da política monetária restritiva. Analistas como André Valério, do Banco Inter, afirmam que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter os juros altos até o fim do ano. “A atividade permanece forte, o que dificulta um afrouxamento da taxa Selic neste cenário”, afirmou.
A Suno Research também prevê uma desaceleração moderada nos próximos trimestres, principalmente fora do setor agropecuário. No entanto, enquanto o consumo interno continuar aquecido e os indicadores de emprego se mantiverem positivos, o Banco Central tende a seguir com uma abordagem cautelosa.
Prévia do PIB impulsiona projeções, mas exige cautela
A prévia do PIB também levou a revisões nas projeções de crescimento do país. A XP projeta avanço de 1,6% no PIB do primeiro trimestre, enquanto a Suno estima 1,3%. Já o Inter prevê alta de 1%. Para o ano de 2025, as projeções variam entre 1,5% e 2,3%, conforme a instituição.
Apesar do bom desempenho recente, economistas alertam para riscos como instabilidade global, mudança nos preços das commodities e desaceleração no crédito. Por isso, o cenário exige prudência nas próximas decisões da política monetária.