O número de empresas inadimplentes no Brasil bateu novo recorde em 2025, segundo levantamento da FecomercioSP com base em dados da Serasa Experian. O país alcançou 7,2 milhões de negócios em situação de inadimplência, o que representa 31% do total de empresas ativas. O crescimento é reflexo direto do ambiente econômico desafiador, com crédito restrito, inflação ainda elevada e taxas de juros em patamares elevados.
Micro e pequenas lideram entre empresas inadimplentes
Do total de empresas com dívidas em aberto, 6,8 milhões são micro e pequenas, responsáveis por mais de 47 milhões de débitos pendentes, que somam R$ 141,6 bilhões. A inadimplência nesse segmento mostra que os pequenos negócios, que compõem a base do empreendedorismo no Brasil, continuam sendo os mais vulneráveis à deterioração das condições financeiras.
Entre os setores mais afetados, serviços lideram com 52,8% dos negócios no vermelho, seguidos pelo comércio, com 35%. A indústria aparece com menor peso relativo, mas também registra crescimento constante no número de inadimplentes.
Recuperações judiciais disparam com cenário financeiro instável
Além do recorde de empresas inadimplentes, o número de recuperações judiciais também cresceu. Foram 2.273 pedidos em 2024, um salto de 61,8% na comparação anual, segundo a Serasa. Já nos primeiros meses de 2025, a tendência se mantém: janeiro registrou 162 solicitações, e fevereiro, 122.
Mesmo com a ligeira queda percentual no início do ano, o volume permanece alto e indica que muitas empresas têm buscado essa alternativa para reorganizar suas finanças e evitar a falência imediata. A recuperação judicial é, para muitos empresários, a última estratégia de sobrevivência em meio à escassez de capital e à pressão dos credores.
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Juros e crédito restrito agravam crise empresarial
A principal causa do aumento das empresas inadimplentes é o ambiente econômico hostil. A Selic continua elevada, em 14,75%, o que encarece o custo do crédito e restringe o acesso a financiamentos. A inflação, embora mais controlada do que nos anos anteriores, ainda pressiona os custos operacionais e corrói margens de lucro.
Enquanto isso, os bancos mantêm critérios rígidos para concessão de crédito, o que afeta principalmente pequenas e médias empresas. Esse aperto, somado ao baixo crescimento do consumo, dificulta o equilíbrio financeiro de boa parte dos empreendimentos.
Empresas inadimplentes refletem fragilidade da retomada
Apesar da recuperação do emprego e da melhora da renda em alguns segmentos, o número de empresas inadimplentes revela uma retomada desigual. O ambiente macroeconômico continua desfavorável para grande parte do setor produtivo, e a sustentabilidade dos negócios ainda depende de medidas estruturais e estímulos mais efetivos.
Especialistas defendem que, para reverter esse cenário, será necessário não apenas reduzir os juros, mas também ampliar o acesso ao crédito produtivo, simplificar tributos e promover segurança jurídica para renegociações. Caso contrário, o país pode ver uma onda crescente de falências e desemprego empresarial nos próximos meses.