A recuperação judicial da Azul foi formalmente aprovada pela Justiça dos Estados Unidos na sexta-feira (30/05), dentro do modelo Chapter 11. A decisão marca o início do processo de reestruturação da companhia, cuja dívida alcançou R$ 31,35 bilhões no primeiro trimestre de 2025, uma alta de 50,3% em relação ao mesmo período de 2024. A empresa recebeu autorização para acessar US$ 250 milhões de um total de US$ 1,6 bilhão em financiamento DIP, mecanismo que permite manter as operações enquanto negocia com credores.
Essa etapa do processo de recuperação da A Azul Linhas Aéreas garante a continuidade dos voos e do atendimento aos clientes. No entanto, especialistas alertam que o endividamento acumulado da companhia aérea ao longo dos anos, associado ao alto custo operacional do transporte no setor aéreo, exige mais do que apenas capital de curto prazo.
Azul explica foco do plano de reestruturação e uso da frota
O vice-presidente institucional da companhia, Fábio Campos, afirmou que o plano prevê a devolução de aeronaves Embraer E-1 que já estavam fora de operação.
“Boa parte desses aviões já estavam parados por falta de peças. Outra parte são pedidos que seriam entregues entre 2027 e 2029, que também estão sendo renegociados”, explicou.
Segundo ele, parte dos recursos será utilizado para comprar dívidas no mercado, enquanto o restante manterá a operação durante a recuperação judicial da Azul. A empresa reforçou que não haverá impacto aos clientes. Para Campos, o foco está em manter ativos, voar com aeronaves mais eficientes e assegurar liquidez ao longo do processo.
Recuperação judicial da Azul impõe ajustes e vigilância
Para Jackson Pereira Jr., CEO do Economic News Brasil, o uso do Chapter 11 nos EUA expõe os limites do modelo adotado pela companhia nos últimos anos.
“A recuperação judicial da Azul, embora tecnicamente fundamentada, exige disciplina operacional rara no setor. O custo do financiamento DIP é alto e pressiona a geração de caixa já fragilizada”, destacou o especialista em negociação empresarial.
Jackson também destacou que o sucesso da reestruturação financeira da Azul depende da renegociação com arrendadores, corte de despesas estruturais e recomposição da margem operacional.
“Se não houver uma execução firme, o processo corre o risco de ser apenas uma prorrogação do problema”, afirmou.
“O Chapter 11 dá fôlego, mas não resolve. O sucesso do plano de recuperação dependerá da capacidade de execução e da renegociação firme de passivos”, avaliou o especialista em negociação empresarial.
Processo avança, mas dívida bilionária ainda preocupa
A recuperação judicial da Azul segue com respaldo internacional e suporte de credores. A empresa informou que pretende manter todos os seus ativos, sem impacto aos clientes, fornecedores ou investidores.
O processo, segundo a própria companhia, “permite operar normalmente enquanto trabalha nos bastidores para ajustar sua estrutura financeira”.
Apesar disso, a situação continua delicada, mesmo recuperação judicial da Azul aprovada. Por isso, o mercado acompanha com atenção os desdobramentos da próxima audiência, marcada para o próximo dia 9 de junho. Até lá, a Azul deverá comprovar que o plano de recuperação vai além do discurso e começa a entregar resultados concretos.