Um dia após o anúncio das novas tarifas de exportação para os Estados Unidos, o Banco Santander divulgou na manhã de quinta (10/07) o documento “Morning Briefing – Brasil: tarifas de exportação aos EUA”, projetando efeitos amplos sobre a economia brasileira. A tarifa de 50% atinge diretamente setores como aço, carnes e alimentos processados, com consequências que já se refletem nos mercados financeiros e nas projeções macroeconômicas.
Segundo os analistas do Santander, o impacto inicial da medida será sentido na balança comercial e no câmbio, com potencial de desvalorização do real e pressão sobre o IPCA. A instituição prevê que o índice oficial de inflação poderá encerrar o ano em 4,1%, acima do centro da meta, como reflexo do aumento nos custos de produção e transporte. Além disso, o banco estima um corte mais moderado da Selic no segundo semestre, encerrando 2025 em 10,25%.
“A deterioração dos termos de troca e a desvalorização cambial tendem a gerar uma elevação difusa dos preços”, aponta o relatório.
Tarifas de exportação para os Estados Unidos elevam risco fiscal e afetam PIB
As tarifas de exportação para os Estados Unidos elevam o risco fiscal brasileiro, segundo alerta do Santander. Além disso, a queda na arrecadação com o comércio exterior tende a exigir compensações fiscais, o que ameaça o cumprimento da meta de déficit primário. Por isso, o banco estima um PIB de 1,9% em 2025, abaixo da projeção anterior de 2,2%.

Além disso, os setores diretamente afetados pelas tarifas — especialmente o agronegócio — podem postergar investimentos e cortar empregos, pressionando a taxa de desemprego e o consumo das famílias. O relatório destaca ainda que a medida norte-americana não é isolada, e pode sinalizar um movimento mais amplo de protecionismo, o que exige do Brasil respostas firmes de política comercial.
Reação do mercado e perspectiva cambial após tarifas de exportação para os Estados Unidos
As tarifas de exportação para os Estados Unidos também deve impactar os juros futuros e a curva de inflação implícita, que voltou a precificar cortes mais lentos na Selic. Segundo o Santander, a autoridade monetária deverá adotar cautela, principalmente diante do cenário externo mais hostil e da deterioração dos preços relativos.
“A postura do Banco Central deve continuar dependente dos dados, mas com viés mais conservador”, destaca a instituição.
O relatório aponta que o governo brasileiro analisa uma retaliação com base na Lei de Reciprocidade Econômica, o que tende a ampliar tensões bilaterais. Por isso, o banco recomenda que investidores adotem postura defensiva, priorizem ativos atrelados à inflação e ao dólar e revisem portfólios expostos ao setor exportador.

Exportadores devem se preparar para novo ciclo de volatilidade
As tarifas de exportação dos Estados Unidos forçam os exportadores brasileiros a revisar suas estratégias com cautela. Assim, a imprevisibilidade dos fluxos de caixa já pressiona o setor, e o Santander projeta ajustes nas metas de exportação, principalmente no segundo semestre.

Com isso, o Brasil entra em um novo ciclo de incerteza externa, com efeitos ainda não mensuráveis sobre a confiança empresarial. A depender da resposta do governo brasileiro, o cenário pode se tornar ainda mais volátil.
Na manhã desta quinta-feira, às 11h54, o dólar comercial operava em alta de 0,81%, cotado a R$ 5,5489.
Confira a íntegra do documento do Banco Santander: